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quarta-feira, 1 de junho de 2011

MEMÓRIAS DA MENINA CELTA - PRIMEIRA PARTE

Autoria: Claudete T. da Mata

Minha identidade é algo que me põe a pensar com muita seriedade, sem rodeios, sem fantasias... Falar sobre o que sou me remete a uma busca constante, já que sou um ser sensível às mudanças do dia a dia da vida humana, a qual viaja constantemente, por todos os cantos do mundo, seja por transporte material, cognitivo, emocional, social, financeiro, filosófico, religioso ou científico; uma variável que invade tudo em minha volta.

Por ser uma variável, minha identidade é algo muito complexo, não muito fácil de ser colocada no papel, por isso, acabo sempre omitindo algumas coisas. Isto me reporta a mil buscas: umas agradáveis e outras, de certa forma, traumatizantes. Considero buscas, porque nasci livre, mas fui aprisionada no decorrer de todas as minhas fases de desenvolvimento, através de um simples ato: “Educar”.

Nasci como a maioria dos meus semelhantes (Parto normal). Cheguei ao mundo, chorando forte. Primeiro, me puxaram rapidamente, do ventre materno, em seguida, me deram os primeiros tapas, sem motivo algum; banharam e me enrolaram em panos quentes, até o pescoço; por pouco, não me transformaram em uma múmia mirim. Enrolaram-me tanto, mas tanto, que sinto fobia de roupas apertadas, principalmente no pescoço e nas pernas. Gostaria de torcer as mãos de quem quase me enforcou. Depois, me colocaram numa cama comunitária, com muitas crianças chorando ao mesmo tempo; daí o motivo de mais uma fobia: rejeição a lugares infestados de gente falando ao mesmo tempo (hospitais públicos, festas, eventos, etc.). No berçário, ninguém conseguia dormir, mesmo que desejasse, pois as batidas de portas eram de surtar qualquer um, daí mais uma fobia: pavor de batidas de portas, janelas... Qualquer batida me deixa transtornada.

Chega de vasculhar minhas primeiras memórias. Elas são tantas que daria um livro: “Memórias de Infância”.

Nos primeiros anos de vida, não foi nada fácil para mim. Segundo os relatos de mamãe, fui uma criança  de saúde muito frágil, agitada, ansiosa, curiosa, teimosa, corajosa, ousada, amiga...

Lembrando das coisas que minha mãe lembra-se de mim, me veio à memória, o lugar onde morávamos, lá no Pantanal (Bairro de Florianópolis/SC), próximo da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Eu tinha uns quatro anos de idade, e a casa que ficava no alto de uma colina, rodeada de árvores frutíferas e mata serrada, era chama de “casa mal assombrada”. Eu, por exemplo, costumava brincar no meio da mata, perto de um pé de goiabeira com um de seis galhos próximo do chão, o qual eu fazia de cavalinho, porque ele era comprido, grosso e maleável, feito cavalo de verdade, um animal que sempre tive o desejo de montar.

No fundo da mata, brincando no “galho cavalo”, assim nomeado por mim, muitas vezes vi um senhor de estatura média, queimado do sol, com seu chapéu de palha com aba grande, que o protegia do sol - ele estava sempre cortando um pedaço de fumo que caia sobre uma cuia de cabaça. Ele me olhava sorrindo, com o semblante de alguém muito querido. Este senhor, no nosso primeiro encontro, olhou-me com jeito paternal, apontando às nuvens no céu, e falou: __ Minha menina, assim como aquelas nuvens, o tempo passa, e enquanto viveres não me esquecerás, porque estarei sempre aqui. És forte, corajosa... Tens a vida toda pela frente. Nunca te sintas só...!

Foram tantas coisas que este senhor falara àquela menina, em tenra idade, que a deixou muito intrigada com tudo o que ela ouvira sem saber se falava sobre ele a alguém, ou não. Afinal, qual adulto acreditaria nela sem, provavelmente, lhe dizer: __ Calma, calma! Esse senhor é só um amiguinho imaginário! Assim, a menina foi crescendo sem jamais se esquecer do misterioso senhor. Tanto, que a menina  não se esqueceu de buscá-lo nas suas remotas memórias.

Nesta mesma época, havia outro lugar, na mata da casa mal assombrada, que eu gostava de visitar – era um lugar cheio de arbustos, com um muito especial e misterioso - sobre ele sempre havia uma peça de roupinhas de boneca, que eu sempre pegava e levava pra casa pra vestir as minhas bonecas de pano, feitas confeccionadas por minha avó materna.

Certa vez, ao me aproximar do misterioso arbusto, vi de longe uma moça colocando sobre ele, um vestido de boneca, de chitão vermelho cheio de margaridas. Eu a chamei, mas a mulher saiu correndo e falando: __ Pode levar, eu fiz pra você!

Minha mãe não entendia de onde chegava as tais roupinhas, já que ela conhecia todas as nossas vizinhas, e nenhuma delas se retratou assumindo ser a mulher das roupinhas de bonecas. Só sei que, depois que a mulher misteriosa parou de colocar as roupinhas de bonecas, no arbusto, eu estava beirando os seis anos, quando comecei a fazer minhas próprias roupinhas de bonecas, assim do nada, sem que ninguém me ensinasse. Quem via minha despreza com as agulhas, não acreditava ao me ver costurar o famoso “ponto-atrás”. Se você não sabe que ponto é este, pergunte a alguém que passou por esta experiência. É que naquele tempo (década de 60) muitas costureiras, só costuravam à mão.

Desde criança, que as atividades manuais não são segredos para mim. Portanto, comecei a bordar, a fazer crochê e tricô, sem que ninguém me ensinasse. Confesso que o tricô foi mais difícil, tanto que havia uma vizinha que tricotava todas as tardes, sentada na escada da sua casa, pegando o sol. Eu até pedi a ela que me ensinasse, mas ela não me atendeu, e o jeito foi ir fazendo, fazendo, fazendo... Até acertar. Afinal, morando longe da cidade, não tínhamos como conseguir uma revista de tricô. Eu nem sei se existia!

Havia outro lugar que eu adorava brincar, era o cercado dos caprinos. Certa vez, fugi de casa, pulei a cerca e saí enxotando as cabras, quando fui surpreendida por um bode que veio correndo atrás de mim e me pegou por trás, com uma chifrada no traseiro. Acordei em casa, no colo de meu tio, que sumiu no mundo sem deixar rastros.

Minhas brincadeiras preferidas, além das que já comentei, era brincar de casinha com minhas bonecas de pano e minhas loucinhas de barro, que minha mãe comprava pra mim e minha irmã mais moça, cá entre nós, bem chatinha e muito chorona.

Minha irmã chorava a toa, por isso, outra brincadeira que me agradava, era beliscá-la a noite, na hora de dormir, por baixo das cobertas. Ela botava a boca no trombone, e lá vinha minha mãe com a cinta na mão para me bater. Eu não chorava nem um pouco, e quanto mais minha mãe me batia, mais eu beliscava minha irmã.

Minha mãe tinha o costume de comprar tudo igual para nós duas, eu e minha irmã. Era roupa, boneca... Tudo igual. Até parecíamos gêmeas! Meu irmão, o mais velho, era sortudo porque não tinha nenhum irmão pra competir com ele. Nós três éramos bem amigos, apesar dos beliscões que eu dava em minha irmã. Sempre costumávamos brincar de caçar ratos, antes de dormir. Sabe como fazíamos? Nós colocávamos um pedaço de lingüiça na ratoeira e ficávamos atrás do sofá, bem quietinhos, sem se mexer, até os ratinhos chegarem.

Os ratos ficavam andando em volta da ratoeira, espiando desconfiados, até que... Eu, me compadecendo dos pobrezinhos, empurrava o sofá e os ratos saiam correndo. Era assim que eu os livrava da morte. Aí a coisa pegava - meus irmãos, indignados comigo, avançavam em mim pra valer. Nossa mãe chegava com a famosa cinta, dando cintadas nos três, que iam dormir de lombo quente. Só sei que nunca deixei nenhum rato cair na ratoeira, apesar das cintadas. Sempre gostei de ratos, mas bem longe de mim.

Confesso que fui uma criança travessa e um tanto malvadinha. Uma das minhas malvadezas, era trocar minhas loucinhas quebradas pelas de minha irmã, que ao pegá-las para brincar, ia ao encontro de nossa mãe, aos berros, dizendo: __ Manhêeee...! A Dete quebrou minha loucinha! E lá vinha a cinta no meu lombo. Depois das cintadas, eu sempre voltava a repetir a mesma ação – era só eu quebrar uma das minhas loucinhas, com a minha falta de atenção. Visto que, criança sempre se esquece facilmente das coisas.

Nunca me esqueço do dia que eu cismei de comer jabuticaba e comecei a insistir, até que minha mãe subiu no pé para pegar as mais maduras, que ficavam no alto do pé. Nesse dia, minha mãe colocou um dos pés num galho que se quebrou e ela despencou do pé de jabuticaba, se esborrachando no chão. Não posso negar – fiquei rindo de minha mãe, enquanto ela se contorcia de dores nas costas e nos pés. Isto me trás à lembrança, que dias depois desse acidente, já recuperada, minha mãe estava cortando lenha com umas vizinhas, e quando elas terminaram o serviço, dei o jeito de pegar uma racha de lenha e: de longe, atirei-a nas costas de minha mãe e saí rindo do mal feito. Por isso, minha mãe sempre dizia que eu não era gente. Santo Deus, por que eu agia assim?

Quando me batia sono, eu lutava contra ele porque não suportava dormir. Mas quando dormia, custava a acordar. Muitas vezes acordei com minha mãe borrifando água no meu rosto. Era o jeito mais prático de me acordar. Penso que era por isso que eu gostava tanto de tomar banho de chuva.

Num dia de chuva, após ter tomado banho, saí porta afora para tomar banho de chuva, quando caí na lama, voltando para casa toda suja. Foi então, que a dona Terê veio com sua cinta, e... Imagine, nem preciso nem falar sobre o desfecho desse dia.

Outro acontecimento inesquecível foi o primeiro dia de aula de meu irmão. Quando ele voltou da escola, lá estava eu à sua espera com um guarda-chuva na mão. É que estava chovendo e meu irmão não podia se molhar (ele tinha bronquite). Caminhando nós dois, veio atrás da gente uma vizinha (Maria Tereza) muito folgada, que logo começou a ofender meu irmão. Não contei tempo, fui logo lhe dando guarda-chuvadas nas costas. Foi uma surra daquelas. Quando chegamos a nossa casa, que ficava depois da casa da tal vizinha, lá veio a mãe dela fazendo queixa do ocorrido à minha mãe, que ao ver a menina toda machucada, pegou sabe o que? A cinta! Nesse dia, apanhei tanto... Mas tanto, que minha vontade foi de fugir de casa. Onde já se viu... Defendi meu irmão e apanhei feito boi ladrão.

Além das cintadas e das pauladas, não lembro ter ganhado um beijo ou um abraço de minha mãe, na minha infância. Só de meu pai e daquele senhor que aparecia sentado no galho da goiabeira, lembra?

Dependendo do lugar onde eu estava, após ter feito uma das minhas..., minha mãe pegava um pedaço de sarrafo, que arrancava das cercas, e sentava no meu lombo, sem dó e nem piedade. Nossa Senhora, nem sei como resisti a tamanhas surras. Se existisse “conselhos tutelares, naquele tempo, não sei o que seria de minha mãe. Meu pai jamais me bateu, sempre me deu carinho.

Apesar dos pesares, posso falar que tive uma infância cheia de gostosuras, as quais ficaram gravadas na minha memória. Mas como tudo tem seu começo, meio e fim, as gostosuras foram interrompidas quando meu pai abandonou minha mãe, sem condições de sustentar três filhos pequenos.

Para mim, não foi surpresa saber que meu pai havia nos abandonado, porque eu sempre soube disso. Quantas vezes, na hora dos almoços de domingo, com a família todo reunida, eu olhava para meu pai e chorava. Minha mãe sempre perguntava a mesma coisa: __ Por que essa choradeira, guria? Eu respondia soluçando: __ É que um dia tudo isso vai acabar. O pai não vai mais ta aqui com a gente! Meu pai baixava a cabeça e minha mãe esbravejava contra minha resposta. Teve um dia que até ganhei um tapa na boca, com minha mãe dizendo, indignada: __ Para com isso guria! Por isso, fui a menos prejudicada emocionalmente, com a separação de meus pais.

Foi no dia 13 de junho de 1958 às 22h, numa sexta-feira de lua cheia; "Dia de Santo Antônio", às 22 horas, que nascera uma menina na Ilha de Santa Catarina/BR. Ela chorou forte ao sair do ventre materno, proclamando ao mundo a sua vinda. Uma menina com muitos dons, capaz de encantar o mundo com seu jeito de ser e estar... A menina se tornou Mãe, Esposa, Contadora de Histórias... Uma pessoa especial! Assim nasceu uma Celta no Santuário das Bruxas – Ilha da Magia.

Ainda hoje, alguns dizem que sou Fada, já outros afirmam que sou Bruxa. Será? Tudo o que sei, é que nasci e cresci ouvindo histórias de bruxas, de lobisomens, boitatá e de assombrações, na frente do fogão a lenha, bem no pé do fogo, nas noites de Lua cheia. E a pessoa que mais contou histórias, nessa época, foi a vovó Filomena, uma senhora muito engraçada e batalhadora, que parecia um tanto austera. Ela adorava contar histórias e cantarolar músicas engraçadas, não muito próprias para crianças, do tipo:

“A perereca da Maria é preta.
Caiu no mato e secou...
O Zeca pediu a perereca...
E a Maria arreganhou!”

“Lá atrás daquele morro, passa boi, passa boiada.
Também passa a Maricota, com a saia toda rasgada!”

Muitas vezes, escutando de longe, eu ouvi a vovó cantarolar outras músicas um tanto desbocadas, as quais eu não me atrevo a escrevê-las. Até posso mostrar duas delas, somente assim:

A velha Bela foi pular uma valeta,
Deu um talho na ...
E costurou com linha preta.

O corajoso do Zé,
Subiu no pé da goiabeira
Pra mexer no ninho do anu.
Quando o bicho viu ele,
Deu-lhe uma bicada no ...

Outra brincadeira que vovó gostava, era recitar os famosos Pasquins, uma forma de manifestação da época, que visavam combater a censura imposta pela ditadura militar (Meados dos anos 60-70, com o Presidente da República Costa e Silva, que, ao se irritar com este tipo de manifestação, outorga o AI-5), utilizando grandes pitadas de humor.

Os cidadãos contrários à ditadura elaboravam os pasquins fixando- os nos postes das praças e ruas dos bairros e cidades, para que o povo pudesse ler se divertir com os manuscritos.

Não demorou muito, para os jornais da época, passarem a adotar os pasquins, com a finalidade de usar o humor na exposição das críticas sócio-políticas às classes mais abastadas. Assim, os jornais, de posse desta idéia, passaram a reunir reflexões, mostrar diferentes visões críticas da realidade, juntando denúncias na década de 60 - 70, propondo possíveis soluções à abertura de discussões sobre, sobre bossa nova, divórcio, drogas, teatro, cinema, sexo, pílula anticoncepcional, movimentos feministas... Entre outros assuntos desafiadores da época.

Com o Pasquim, as pessoas ficavam sabendo dos movimentos sociais, podiam fazer suas críticas, se opondo ao sistema. Com isso, o Pasquim teve sua vida podada ao parar nas mãos dos militares, que por sua vez, foram prendendo os primeiros manifestantes brasileiros, oprimindo a sociedade como um todo. A partir de então, as verdades expostas formaram um elo com a polêmica época em que o humor perdurou até o início da década de 90, com suas visões humorísticas mais ousadas, contrárias aos Pasquins do não-conformismo da ditadura.

Se eu fosse escrever um pouco de tudo sobre minha avó Filomena, daria um livro. Graças a ela, hoje posso dizer: __ Que volte o Pasquim! O povo ainda sofre, porque a ditadura ainda permanece sob os vieses da falsa democracia brasileira, que subjuga o povo que pensa ser livre, de fato. Abaixo a falsa liberdade!

Penso que só seremos livres, quando pudermos pagar pelo que temos (nossas casas, carros...) e sermos, de fato, os seus donos, podendo fazer o que bem entendermos deles. Imagine, que nem o muro de nossas casas, não podem ser feitos do tamanho planejado por nós, caso contrário, as autoridades vem e derrubam tudo, sem pedir licença.

Minha avó era uma pessoa humilde, completamente analfabeta, mas que resolvia cálculos matemáticos de cabeça e criticava o sistema de governo da época, como ninguém. Ela era inteligente e criativa, uma verdadeira revolucionária, para uma mulher da sua época.

Mas falando em avó, não poderia deixar de falar sobre minha bisavó paterna, uma índia laçada por meu bisavô, assim que ele aportou no Ribeirão da Ilha de Santa Catarina.

O meu biso Nicolau, foi dono de muitas terras na Ilha, e teve mais de 15 filhos que se espalharam pelo Brasil. Minha mãe conta que ele era tão sovina, que para impedir que as crianças pegassem goiabas para comer às escondidas, ele cerrava galhos das goiabeiras para que, quando alguém subisse neles, caíssem se quebrando no chão. Dizem, ainda, que ele guardava moedas de ouro dentro de potes de barro, enterrados nas terras dele.

Não conheci meu biso, mas meu avô, um de seus filhos mais jovens, foi quem me confirmou esta história. Tanto, que ele guardava alguns pertences que meu biso trouxe da Espanha, com os quais contribuiu na construção e montagem do museu histórico do Ribeirão da Ilha/SC. Meu avô paterno foi o primeiro faroleiro de Santa Catarina. Ele foi um dos construtores do Farol e seu protetor, até morrer bem velhinho, na década de 80.

Meu pai foi o segundo ourives de Santa Catarina. Ele foi um grande artesão do ouro e da prata.

Meus pais costumavam passar os fins de semana, na casa de tia Lulu, quando eu e meus irmãos brincávamos pra valer. A casa era de estuque com o assoalho de chão batido, menos nos quartos, para diminuir a friagem das noites de inverno. Ela também era mal assombrada.

Nas noites de sextas-feiras, de lua cheia, as bruxas costumavam pousar no telhado da casa de estuque, para planejarem as suas malvadezas, antes de partirem para os seus passeios bruxólicos noturnos. Elas conversavam e soltavam frenéticas gargalhadas, se divertindo com a algazarra.

Meu primo Mimi, o mais velho dos doze filhos da tia Lulu, costumava acordar com o cabelo todo enozados. Por isso, meu tio sempre o levava ao barbeiro para cortar o cabelo, o melhor, deixar ele com a cabeça cheia de caminhos de rato. O jeito era desbastar o cabelo, deixando somente o famoso topetinho de milico. Quem mandou ser o preferido das bruxas. Outras vítimas preferidas eram as meninas com suas cabeleiras compridas e soltos; as bruxas faziam a festa – trançavam os seus cabelos, de uma forma, que levavam dias para desmanchar toda aquela bagunça. Por isso, quando chegava a noite, eu tratava de trançar meu cabelo, evitando que as megeras o fizessem. Mas confesso, que de vez enquanto, eu amanhecia com os braços cheios de manchas roxas. Minha tia dizia que era chupada de bruxa. Mesmo assim, eu e meus irmãos gostávamos de passar os fins de semana na casa de estuque, na Ponta de Baixo/SJ/SC.

Outro lugar que me metia medo, era a casa da tia Maricha; ela mesma dizia que meu tio era o lobisomem da praia da Ponta de Baixo. Certa vez, numa sexta-feira de lua cheia, minha tia me convidou para dormir com ela, num quarto separado do de casal, para que eu visse o que costumava acontecer nas noites de lua cheia. E não é que eu vi, com os meus olhos que a terra há de comer, o que aconteceu?

Antes da meia noite, um som fumegante, começou a sair do quarto de casal, seguido de um zunido que circulou pela casa, parecendo nos hipnotizar, colocando-nos numa madorna, daquelas onde podemos ver e ouvir tudo ao nosso redor, sem conseguir fazer nada, nem sair da tal madorna. Seria como se lutássemos para acordar e algo nos conservasse ali sonolentas, sem o poder de reação. Foi horrível aquela sensação, eu diria de impotência diante daquele fenômeno inusitado. E nessa noite eu vi, sem poder reagir, um enorme porco, sair correndo porta afora da casa de minha tia – era um lobisomem!
Até a década de 70, eram frequentes os ataques dos lobisomens, na praia da Ponta de Baixo, onde um pescador precavido cortou a orelha de um bicho que passou feito raio, por ele, o qual, por sua vez... Feito um raio mais rápido que o misterioso animal, passou-lhe o facão na orelha. No dia seguinte, antes de chegar em casa, com o balaio cheio de tainha, o pescador passou no boteco do Seo Maneca pra tomar a pinga matinal, viu o falecido Juca Mexilhão, com a orelha esquerda enfaixada, toda suja de sangue. E quando ele viu o pescador, saiu de fininho, evitando qualquer comentário.

Juca Mexilhão era um sujeito muito estranho. Nunca falava de onde veio, que idade tinha, quem eram seus pais e irmãos, muito menos suas irmãs... Só se sabe que ele chegou ao bairro, de madrugada, numa noite escura, com a mudança numa carroça que ele usava para pegar o trato das vacas. Ele vendia leite na redondeza e catava berbigão pra vender e comer. Era um solteirão muito trabalhador, porém, solitário, de pouca conversa, misterioso... Que despertava a curiosidade da vizinhança desconfiada com o movimento em sua casa, nas noites de lua cheia. Mas depois do ocorrido, nunca mais se ouviu e nem se viu mais nada de estranho na casa de Juca Mexilhão, que, assim como chegou ao bairro, saiu dele sem se despedir de ninguém. Depois disso, jamais se ouviu falar de outros lobisomens na praia da Ponta de Baixo.

Envolvida numa família cheia de histórias, não poderia ser diferente. Mesmo que eu me esforce, sou o que sou!


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sexta-feira, 27 de maio de 2011

F R A S E S



Autoria: Claudete T. da Mata

Nesta noite, o sono parece ter se esquecido de mim. Rolei de um lado para o outro, na minha cama macia, mas nada do senhor sono chegar. O jeito foi levantar às cinco horas e tomar um leite morno, pra ver se o sono me ouvia. Finalmente, consegui dormir até as 07h30min, quando acordei sacudida pelo meu relógio biológico - é que sempre neste horário, tomo meu hormônio da tireóide. Por quê? Porque em 24 de fevereiro de 2010, tive que tirá-la totalmente. O dia amanheceu meio acanhado, sem jeito de abrir suas janelas para o Sol. Mas levantei, comi uma laranja bem docinha. Não suporto chupar frutas, somente comê-las - é muito mais saboroso, e sem melecada alguma. Depois, tomei um café fresquinho, com uma fatia de pão caseiro, com geléia de puro morango e nata fresquinha. Hum, tudo estava muito saboroso!

Depois, deste ritual, me arrumei e fui, juntamente com minha filha, para o grupo de estudos da filosofia, ciência e religião espírita. Sigo minha trajetória religiosa, nos parâmetros do espiritismo, desde os meus 16 anos. O estudo de hoje foi muito interessante...

Chegando casa, almocei e fui tirar aquela sesta, tão solicitada pelo senhor sono que, finalmente, resolveu me visitar. Depois de ter vivido outros momentos deste dia, sentei para escrever um pouquinho. Como de costume, as palavras foram chegando aos poucos - cada uma no seu tempo, e vejam o que elas foram formando:

* Se você tem um pé atrás com os laços de afetos, não faça amizades com pessoas de má indole, para não se deixar influenciar pelos seus maus costumes, evitando gostar deles.

* Maus costumes, são semelhantes às drogas - depois de experimentá-los, uma vez que somos frágeis às tentações, corremos riscos de por nossos comportamentos em perdição.

* O mal e toda sua prole, são como ervas daninhas - depois que inçam , torna-se difícil nos livrar deles.

* A vida, com todas as suas vicissitudes, nos mostra que nascemos desnudos dos costumes nocivos à nossa saúde mental e dos vícios que destroem a nossa capacidade de ver o mal plantado em nós, provocado pelas ambições aprisionadas na cerne do nosso inconsciente, impulsionadas pelas nossas infelizes buscas, causadoras das nossas cegueiras, muitas vezes irreversíveis.

* A maledicência, atrasa o nosso crescimento moral, ao darmos ouvidos aos fofoqueiros...

* São tantos os nossos envolvimentos com o meio que nos cerca, que o melhor, é "orar e vigiar", assim como "Jesus Cristo" nos mostrou.

* Nascemos nus, simples e ignorantes; somos alimentados e educados por nossas mães; somos inseridos em grupos sociais para aprendermos masis e mais; crescemos e damos novos rumos a tudo o que aprendemos.

* Só não constrói uma nova caminhada na sua elevação humana, quem deu ouvidos às masmices.

* Tem pessoas que pensam, planejam mil coisas, refletem mil vezes, até se verem nas alturas, se esquecendo de fazer tudo isto com os pés em terra firme.

* Com suas idéias no mundo da lua, muitos acabam se perdendo no próprio pensamento, sem irem à diante.

* Pensar, imaginar, criar... É muito bom. Mas, socializar tudo isto, é melhor ainda. Afinal, como disse um poeta, que não me recordo o nome: "Sonho que se sonha só, é um simples sonho".

* Os grandes inventores da humanidade, não morreram ricos, mas conquistaram a riqueza do saber. Por isso, seus legados fazem parte do dia a dia de muita gente, até os dias de hoje. Se não fosse por eles, provavelmente, ainda estaríamos vivenciando as escrituras milenares (Escrita cuneiforme, pictograma, fonograma, ideográfica...), escrevendo nas pedras.

* Temos muito o que aprender... Enquanto isso, vamos vivendo as nossa crianças interiores - cada qual com as suas características, que só se diferenciam, na forma de pensar e fazer as coisas.

* Ao nascer, soltamos o nosso primeiro grito de alerta - o "choro". Depois, entre choro e risos, vamos soltando outros gritos, que agradam a alguns e a outros não, necessários aos nossos convívios e às nossas conquistas que marcarão a nossa histórias. Afinal, quem não chora , não mama!

* Desde criança, sempre ouvi alguém falar: "__ Inteligentes são as galinhas que, ao botarem seus ovos de cada dia, cantam alto, proclamando ao mundo, o grande feito."

terça-feira, 24 de maio de 2011

AMOR SOBREVIVENTE

 Autoria: Claudete T. da Mata

Certa vez, uma velha senhora insatisfeita com a indiferença do marido, um senhor beirando os 80 anos de idade, resolve lembra-lhe da vida de casados, de um jeito muito especial. Ela chega no quarto, tira a roupa e vai para o seu banho de espuma, dentro de uma banheira bem cheia de água morninha, do jeito que ela mais gostava.

Mergulhada no espumaredo, a velha senhora quase dorme. Mas de repente, lhe vem à memória as doces lembranças do tempo de outror (Tempo em que tudo começou ao lado do seu grande amor.).

Animada com as doces lembranças, a velha senhora sai da banheira, se veste e corre para a cama; se aconchega no seu velho amor e fala docemente, sussurrando no seu ouvido:

__ Meu velho, lembras do nosso primeiro encontro lá atrás da igreja de Passo Fundo?

__ Oh... Se lembro. Tu com o teu corpinho todo cheio de curva. Cada uma que era de deixar qualquer um maluco, maluco, sem saber o que fazer com tanta belezura.

__ É, você até me roubou o primeiro beijo, lembra?

__ Oh... Se lembro!

__ Você me olhava com uma fúria que me fazia arrepiar todos os pelos do meu corpo, viu!

__ Se vi... Você não conseguia disfarçar, sabia?

__ Jura?

__ Eu não. Você fazia era questão de me deixar todo... Nem é bom lembrar.

 __ Conta, eu gosto de ouvir você falar daquele tempo!

 __ Você heim..., sempre safadinha!

 __ Quando casamos você costumava coçar minha cabeça antes de dormir. Era tão gostoso!

 __ É mesmo! E enquanto eu coçava sua cabeça, você segurava o meu...

 __ Meu..., o quê?

 __ Meu dedão sua taradinha!

 __ E você, que além de coçar minha cabeça, também segurava a minha...

__ Minha...?

__ Minha mão seu bobalhão.

Com o pé da conversa atiçando os ânimos dos velhinhos, após alguns segundos, a velhinha abre os braços flácidos e segura a cintura da amada, que fica toda arrepiada com a pegada. A velhinha satisfeita faz questão de relembrar:

__ É, meu velho, na nossa juventude tudo era festa. A gente sempre ficava bem juntinho um do outro...

__ É mesmo... Você lembra-se daquele dia que a sua tia, mandada pelo seu pai, ficou grudada na sala, sentada bem no nosso meio?

__ Oxe! Se lembro meu velho!

__ É minha velha, ela cochilou profundamente, facilitando a nossa primeira noite de... Lembras?

Neste momento, a velha senhora revira os olhos, solta um suspiro ofegante se abanando, e fala:

__ Para, para! Nem me faça lembrar daquel noite... Que noite!

__ O pior foi quando o teu cachorro, aquele guapeca amarelado que pegou minha cueca e saiu correndo pela sala, com ela trincada nos dentes, rosnando feito doido.

A velhinha cai na gargalhada:

__ Heeheheheh...! É mesmo meus velho, ele rosnou tanto, que acordou a titia.

__ É minha velha... Ela acordou atordoada com a bagunça do guapeca, ficando sem saber até hoje, o que Totó tinha na boca.

__ É mesmo! E você teve que voltar pra casa sem a cueca, lembra? Eheheheheh....

 __ Vocêcontinua a mesma safadinha de sempre, né? Vira e mexe, sempre lembra dessa parte. Pena que naquele tempo não tinha a tal da camisinha. Se tivesse, a gente não precisaria ter casado às pressas.

__ Você lembrou-se disso com uma cara, que Deus me livre!

__ É porque estou lembrando que, se o Joãozinho não tivesse nascido tão rápido, a gente podia ter aproveitado mais... Farreado mais mais, você não acha?

__ É, meu velho! Mas que foi bom foi, não foi?

__  Se foi, minha velha!

Neste momento uma hesitação tomou conta do velhinho, que, resmungando ofegante, virou o corpo e se aconchegou de concha nas costas da velhinha, que insatisfeita, resmungou:

__ Se fosse nos velhos tempos, você alisaria minha barriga até... Morderia minhas orelhas até...

Neste momento, vendo o grande amor de sua vida toda só pra ele, o velhinho solta um suspiro, joga a coberta no chão e sai da cama correndo quarto afora, feito jovem no ápce da sua virilidade. E a velhinha, rapidamente, questiona:

__ Vem cá meu amado, não sai não... Ta correndo da raia é? Assim eu me sinto ofendida. Aonde você pensa que vai?

__ Te sossega mulher... Vou até a cozinha pegar a minha dentadura!

Diz a senhora história, que nessa noite o velho casal quase infartou de tanto amor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

IDOSOS NO CINEMA

Autoria: Claudete T. da Mata

Certa vez, numa parada de ônibus, duas idosas comentavam sobre o susto que passaram com um idoso estrangeiro, morador de Bagé, que foi ao cinema com o seu bicho de estimação. Veja o que aconteceu:
No balcão da bilheteria, o bilheteiro assustado, olha o galo e vai logo ao assunto: "O que é isso no seu ombro, senhor?"

O idoso orgulhoso, responde com aquele sorrisão:
__ Meu filho, este e o meu galo de estimação, raça "Galiformes". Comprei numa exposiçãono "Egito", um torneio que me custou os olhos da cara, tchê. Gostou?

O bilheteiro, cortando a conversa:

__ Meu senhor, realmente, é um belo galo, mas..., não permitimos animais no cinema.

O idoso aparentemente calmo, concorda. Vai ao toalete, abre a braguilha e enfia o bicho na bombacha, retornando como se nada tivesse acontecido, para compra o ingresso. Entra e senta-se ao lado de duas idosas. Quando o filme começa, o gaudério abre a braguilha para o galo véio respirar um pouco. E não é que o danado do bicho bota o pescoço pra fora, todo feliz! Nesse momento uma das idosas cochicha para a outra:

__ Acho que o velho ao meu lado é um tarado... Sem vergonha." "Por quê? Indagou a outra....

A colega responde num ímpeto:
__ É que o safado, desavergonhado botou o negócio pra fora.

A colega, relembrando os tempos de outrora:
__ Ah, não te preocupa, lembra que na nossa idade nós já vimos de tudo.

A outra, tentando disfarçar o entusiasmo, fala com a cabeça erguida, empinando o nariz:

__ É...! Eu sempre pensei a mesma coisa. Afinal, sou filha de Deus, né, mas é que o danado do negócio tá comendo a minha pipoca, o que faço?

A colega com um sorriso maroto, responde:

__ Aproveita bobinha... E esquece as pipocas.

sábado, 21 de maio de 2011

DEUS SALVE A GRANDE “MÃE NATUREZA”!


Autoria: Claudete T. da Mata

Sempre ouvi dos mais velhos, que desde criança, devemos respeitar a “Mãe Natureza” uma das grandes “Obras de Deus”. E é bem assim, nós, os bichos homens, nascemos e crescemos com o auxílio da “Mãe Natureza”, extraindo dela todos os nutrientes necessários para o nosso bem físico e também psicológico. Mas, muitos, ao se verem adultos, esquecem de todos os benefícios recebidos da “Grande Mãe”.

E dotados de inteligência que os diferenciam de outros bichos, ditos irracionais, aos poucos, os bichos homens foram ocupando os espaços da “Grande Mãe”. Isto aconteceu quando ainda mal sabiam dominar a linguagem oral, e muito menos conheciam nada da sua origem. Assim, os bichos homens, que até então, andavam pelo chão, abandonaram suas cavernas, para fazer suas novas moradas nas árvores que sustentavam seus bandos.

Aos poucos, os bichos homens, através de muitos ensaios e erros, foram dominando e aprimorando a linguagem, e tomando consciência da capacidade de pensar, desceram das árvores em busca de novas moradias, novas descobertas, criando seus mitos, seus eventos...

Na querência de mudar o estilo de viver, depois de terem desenvolvido a capacidade de pensar humanamente, os bichos homens, aqueles que iniciaram sua caminhada pelo chão, depois subiram e se fixaram em grandes árvores, descendo delas, retornando ao chão, para morar em cavernas frias e escuras, partiram para novas ações com suas cabeças cheias de ideias mirabolantes, dando origem aos homens de hoje.

No ato de inventar e reinventar tudo ao seu redor, os novos homens iniciaram uma grande caminhada. Planejaram e construíram suas casas, seus castelos, seus jardins, suas cidades, tirando uma árvore daqui e replantando ali... Enfim, uma coisa atrás da outra. Mil invenções sem fim.

Não se sentindo satisfeitos, os novos homens, agora pesquisadores e achando-se conhecedores das origens, suas e do planeta, mais confiantes e de certa forma, arrogantes, começaram a podar a “Mãe Natureza”, cortando árvores para grandes e pequenas construções, arrancando-as de seus lugares, separando-as de suas companheiras, do lugar que a “Mãe Natureza” as plantou.

Assim, os bichos homens foram agindo em nome do “Progresso”, foram se ocupando da “Mãe Natureza”, dividindo-a em pedaços, dizendo: “Isto é meu; aquilo é teu...” E a “Mãe Natureza” foi perdendo sua grandeza,.

O tempo passou tudo mudou e o planeta foi dividido em países, cada qual com suas cidades, seus bairros... O clima já não é mais o mesmo. Respiramos impurezas,
Nossos alimentos nos fazem adoecer...

Os bichos homens cresceram, estudaram, inventaram e inventam coisas todos os dias, dizendo ser tudo isto, o começo de uma “Nova Era”, com novas tecnologias, novos costumes, novas crenças, novas descobertas e novos destinos à “Mãe Natureza” que começou tão potente na companhia dos seus nativos primitivos, os nossos ancestrais de todos os cantos do “Planeta”. E nós que evoluíram tanto, ao ponto deixar a nossa “Grande Mãe” no desalento desencanto. Se antes as florestas, as selvas eram repletas de árvores frondosas que cobriam todo o “Planeta”, hoje muitas delas viraram pedras, mais conhecidas por “Cidades”.

Foi assim que, no princípio de tudo, neste Planeta desnudo Deus criou a “Mãe Natureza” com todos os seres viventes, inclusive “Nós”!

Mas cadê a “Mãe Natureza” com todas as suas árvores frondosas, que “Deus” cuidadosamente e com todo amor criou? O melhor é que não nos façamos de bobos...
Sabemos que o os bichos homens, hoje chamados “Gente”, em nome do “Progresso”, eles saíram pelo mundo para formar sua “Nação”. E nas suas andanças desenfreadas, atropelaram tudo pela frente, destruindo a “Grande Mãe” que sempre amparou a “Gente”.

E agora, o que será do futuro do nosso “Planeta Desnudo”, sem os recursos naturais ofertados pela “Mãe natureza”, que na ânsia de ser o melhor, agindo como verdadeiros bichos, nós os homens ainda temos coragem de reclamar e até maldizer o destino cavado pelas nossas próprias mãos; ainda nos sentirmos impunes?

Mas a “Mãe Natureza” com sua natural sapiência vê muitos de seus filhos e irmãos se rebelar. Portanto, podemos ver os Mares levando tudo pela frente, a Terra abrindo grandes fendas e potentes crateras que engolem tudo o que podem. E os Vulcões espertos e grandalhões, sempre prontos para arderem e expelirem de prazer o denso líquido fervescente sobre tudo pela frente. Os ventos pequenos e grandes, quando surgem é de arrepiar; levantando telhados, arrastando construções...

Diante de tudo isto, e mais ainda, pensando nos meus descendentes, que “Deus” tenha piedade da humanidade, recuperando a “Mãe Natureza” para a tão prometida “Nova Era”!

terça-feira, 17 de maio de 2011

CHICO XAVIER, UMA ALMA ESPECIAL!

Leitura: Claudete T. da Mata 

Os dados contidos nesta crônica, foram extraídos das leituras que fiz e dos filmes que assisti sobre nosso querido Chico Xavier, no decorrer de suas experiências terrestres.

Chico Xavier, uma alma especial que nasceu entre nós!

Ainda menino, conversava com sua mãe desencarnada, recebendo dela as orientações que necessitava para levar a amarga vida na casa da madrinha, a qual o humilhava..., maltratando-o todos os dias.

O menino Chico, compreensível como sempre, jamais perdeu o seu jeito especial de ser e estar no mundo.

Menino que sabia refletir, ser confiante, sem medo de ser castigado e até espancado pela madrinha.

Chico jamais chingou alguém, nem mesmo as formigas do seu quintal.

Quando foi convidado a se retirar da casa de seu pai, saiu sem levar consigo o rancor pelo pedido feito por sua irmã mais velha, Chico, simplesmente arrumou os seus poucos pertences, e se foi sem saber onde morar.

Chico foi amparado, assim como jamais deixou de amparar alguém.

Este homem simples, sempre foi agradável com todoas as criaturas, agradecendo a Deus pela vida, todos os dias.

Durante toda a sua trajetória, Chico atendeu os seus semelhantes necessitados, sempre, sem olhar a quém.

Esta alma, que partiu amparado pela espiritualidade superior, nasceu entre nós nos ensinando a viver com humildade, carisma, bondade, amor, lúz, conhecimento e a sabedoria  que só as grandes almas são capazes de mostrar a todos ao seu redor.

Na minha juventude, falei com Chico, por telefone. Chorei  só de sentir a sua energia bem próxima de mim, inundando todo o ambiente em minha volta. Ele falou coisas que jamais esquerei enquanto viver. Nesse momento tive a certeza de que uma alma de lúz estava banhando minha alma.

Amado Chico, espero um dia poder abraçá-lo lá na espiritualidade.

Por hora, só me resta agradecer a Deus por ter nos dado Chico Xavier!

domingo, 15 de maio de 2011

CRIANÇAS DE MENTES BRILHANTES

Autoria: Claudete T. da Mata

Não se sabe ao certo qual criança nasceu primeiro. Cada uma foi nascendo no seu tempo: uma primeiro, outra depois e assim por diante.

E assim, o Planeta foi ficando repleto delas, igualmente a um ninho cheio de pintinhos: Uns sonolentos e outros ativos de mais; uns inteligentes e outros criativos; uns racionais e outros afetivos; uns cuidadosos e outros confiantes de mais; uns altos e outros baixos; uns magrinhos e outros bem cheinhos; uns cabeludos e outros carequinhas... Eram crianças de diferentes características, de todos os níveis sociais e tipos físicos, cada qual com suas preferências, devers e direitos.

Diante de tantas surpresas, nada e ninguém neste Planeta, tem como sobreviver sem regras, sem leis... E aqueles que ousam transgredir a ordem das coisas, dos fatos... Um dia, pagarão pela falta de amor, de consciência, de reflexão... Afinal, tudo tem seu preço!

Muitos pais não gostam do que vêem, ouvem..., e sentem no decorrer do crescimento e desenvolvimento de sua prole. É que desde o início cada criança foi seguindo a sua natureza, sem obedecer os seus genitores. Estas crianças, no decorrer da caminhada, cresceram; umas preservando e outras perdendo as suas essências. Elas nasceram estrelas, onde as mais forte não deixaram que ninguém cortasse as suas pontas, prosseguindo nas suas experiências.

Quando alguém as interroga, elas que conservam na memória a resposta mais cabível, sem caírem no achismo, dão logo a sua resposta. Diante de tais réplicas, não há aquele que ouse persistir no erro de se fazer de "Senhor da Verdade", visto que estas crianças, desde a tenra idade, sabem ouvir, refletir e avaliar o que ouvem, falando na hora devida. Diante de tais atitudes, muitos adultos ficam sem chão, muitas vezes sem respostas.

Estas crianças não nasceram para dominar o mundo, muito menos para humilhar ninguém, e sim para mostrar ao mundo que benevolência, conhecimento, sabedoria e desapego..., não só se adquire na convivência com o outro, como também se nasce com elas. Caso contrário, por que encontramos crianças de mentes tão brilhantes, geradas e nascidas em comunidades palpérrimas, desprovidas de quase tudo, porque lhes é dado o direito de nascer, de viver...

Quantos de nós, já não se deparou diante com crianças de mentes brilhantes?