No dia 13 de junho de 1958 às 22h, numa sexta-feira de lua cheia; "Dia de Santo Antônio", nasceu uma menina na Ilha de Santa Catarina/BR. Ela chorou forte ao sair do ventre materno, proclamando ao mundo a sua vinda. Uma menina com muitos dons, capaz de encantar o mundo com seu jeito de ser e estar... A menina agora é Presidente Fundadora da Academia Brasileira de Contadores de Histórias e uma viajante do universo mítico. Assim nasceu uma Ceuta no Santuário das Bruxas da Ilha de SC.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
UMA DAS MINHAS ÚLTMAS CRIAÇÕES!
ESTA É TIA MARICHA.
SUA ESTRÉIA ACONTECEU NO EVENTO "10º DIDASCÁLICO", DIA 21 DE NOVEMBRO DE 2011, NO AUDITÓRIO DO INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA/BR.
MINHA PORSONAGEM CANDOCA, DEPOIS DESSA APRESENTAÇÃO QUE FEZ O PÚBLICO RIR MUITO, LEVOU TIA MARICHA AO "PROGRAMA MAIS SÃO JOSÉ" A CONVITE DE NÉRITON, DIRETOR DA CULTURA DE SÃO JOSÉ/SC/BR.
DAR VOZ E VIDA ÀS MINHAS MARIONETES, É ALGO IMPORTANTE MUITO MÁGICO PARA MIM. E VER O PÚBLICO INFANTIL, ADOLESCENTE E ADULTO, DE TODAS AS IDADES, ATENTO E VIBRANTE, FAZ COM QUE EU CONTINUE CRIANDO MAIS E MAIS, FAZENDO DO TEATRO COM FORMAS ANIMADAS, UM MEIO DE DIZER QUE ESTA É UMA ARTE QUE VESTE A ALMA DO ARTISTA E DA PLATÉIA, ENVOLVIDOS COMO UM TODO.
O PÚBLICO CONTRACENA COM MINHAS MARIONETES, NUMA ENTREGA DE ACORDAR O SENSO ARTÍSTICO E DEIXAR A IMAGINAÇÃO FLUIR NATURALMENTE.
DE REPENTE, TIA MARICHA, UMA MARIONETE DO TAMANHO DE UMA CRIANÇA DE 7 ANOS, GANHA VIDA PRÓPRIA, ENVOLVENDO A PLATÉIA, NUM DIÁLOGO CATIVANTE, DIZENDO QUE ELA EXISTE PORQUE É CAPAZ DE SER E ESTAR ENTRE NÓS, DE NOS PROVOCAR ESTRANHAMENTOS, DE NOS ARRANCAR GARGALHADAS E ATÉ DE NOS FAZER CHORAR.
E O MAIS LINDO AINDA, É VER UM MENINO QUE, DE REPENTE, NUNCA BRINCOU DE BONECA POR OBEDIÊNCIA A UM PADRÃO SOCIAL MACHISTA, ALÍ NO PALCO CONTRACENA COM UMA BONECA, EMPRESTANDO-LHE SUA VOZ E VIDA, UM SER ANIMADO QUE O DISTRAI, FAZENDO COM QUE ELE DEIXE SUA IMAGINAÇÃO TOMAR CONTA DESSE MOMENTO ÚNICO. O PÚBLICO SE ENCANTA, DÁ RISADAS, SE CONCENTRA... E APLAUDE!
NESSE DIA A PLATÉIA NÃO FOI DAS MAIORES. MAS COMO DISSE O POETA (NÃO ME PERGUNTE QUEM):
"TUDO VALE A PENA QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA!"
(DIDASCÁLICO, IF-SC/FPOLIS/BR 21.11.2011)
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
UM POUCO DE HISTÓRIA: ILHA DE SANTA CATARINA/BR
Ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Recanto de Sol e Mar...
Terra povoada por vicentistas e depois por açorianos,
Gente simples e pacata...
Povo devotado à pesca, à agricultura e à religiosidade.
Ilha das bruxas, do boi de mamão, das benzedeira e das velhas rendeiras tradicionais...
Tem horas que algo me puxa e me faz pensar... Dar aquela paradinha para refletir, lembrar e registrar. Então eu começo a procurar minhas anotações, vasculhar minha memória, dando valor ao museu histórico do passado que me traz à tona, minha descendência, os costumes de meu povo, a cultura de minha gente...
Encontrei, logo de início, as anotações feitas por mim após a primeira conversa que tive com meu avô Corcínio. Foi uma longa prosa, entre vários cafezinhos feitos no fogão a lenha, numa casinha de madeira a beira mar, lá na Caeira do Ribeirão da Ilha, pertinho do Pântano do Sul. E o aposentado faroleiro começou assim: "Logo no comecinho de tudo isso que restou da Ilha selvagem, no início, habitada pelos "Índios Carijós", descendentes da "NaçãoTupi-Guarani". Sua existência é marcada pelos traços constatados através de sítios arqueológicos e sambaquis portadores de registros idade que vai até 4.000 anos. Os índios, nossos primeiros ceramistas chamavam a "Ilha de Meiembipe", que significa "montanha ao longo do canal"."
Depois deste e outros relatos de meu avô, naquela tarde inesquecível, indo mais além, segundo relatos de moradores antigos e de historiadores da atualidade, foi por volta de 1514, quando os portugueses enviados por D. João, o rei de Portugal, aportaram na Ilha de Santa Catarina, batizando-a com o nome de "Ilha dos Patos". Mas como não encontraram nada interessante por aqui, retornaram à Portugal.
Encontrei, logo de início, as anotações feitas por mim após a primeira conversa que tive com meu avô Corcínio. Foi uma longa prosa, entre vários cafezinhos feitos no fogão a lenha, numa casinha de madeira a beira mar, lá na Caeira do Ribeirão da Ilha, pertinho do Pântano do Sul. E o aposentado faroleiro começou assim: "Logo no comecinho de tudo isso que restou da Ilha selvagem, no início, habitada pelos "Índios Carijós", descendentes da "NaçãoTupi-Guarani". Sua existência é marcada pelos traços constatados através de sítios arqueológicos e sambaquis portadores de registros idade que vai até 4.000 anos. Os índios, nossos primeiros ceramistas chamavam a "Ilha de Meiembipe", que significa "montanha ao longo do canal"."
Depois deste e outros relatos de meu avô, naquela tarde inesquecível, indo mais além, segundo relatos de moradores antigos e de historiadores da atualidade, foi por volta de 1514, quando os portugueses enviados por D. João, o rei de Portugal, aportaram na Ilha de Santa Catarina, batizando-a com o nome de "Ilha dos Patos". Mas como não encontraram nada interessante por aqui, retornaram à Portugal.
Entretanto, foram os espanhóis, que ao perceberem o desinteresse do rei português pela região do Atlântico Sul, aqui chegando e explorando suas riquezas naturais, decidiram conquistá-la, quando no ano de 1526 rebatizaram a Ilha com o nome de "Ilha de Santa Catarina".
Nessa época, a Ilha era uma espécie de porto para as embarcações com destino à Bacia da Prata onde abasteciam suas naus. Com a chegada dos espanhóis, a Ilha foi dominada por ela, aproximadamente, por 34 anos, tempo suficiente para o "extermínio dos índios carijós", os quais, diz a Sra História, que os mesmos foram escravizados pelos espanhóis, contaminados com as doenças dos homens brancos e aos poucos, extinguidos da ilha. Os que conseguiram sobreviver, imigraram para outras localidades do Estado de Santa Catarina.
Meu avô paterno, contava que seu avô veio da Espanha, num navio pirata, o qual ao aportar na ilha, sendo um dos seus desbravadorer, ao avistar uma índia (minha tataravó), tomado pelo desejo masculino da época, a laçou no meio do mato e domesticou-a, com a qual teve muitos filhos que se espalharam pelo Brasil. Meu avô, morador do Caeira do Pântano do Sul da Ilha, numa de nossas conversas, relatou orgulhoso, que foi o primeiro faroleiro do farol dos Naufragados, e quem ajudou na montagem do museu do Ribeirão da Ilha, com peças quardadas por ele, da época dos piratas espanhóis, quando esses enterravam as relíquias na areia da praia. Ele era pescador e catador de berbigão, por isso morou até morrer, na beira do mar do Ribeirão da Ilha.
Neste contínuo, estudos nos mostram que o povoamento oficial da Ilha de Santa Catarina, iniciou em 1673 com a chegada do bandeirante Francisco Dias Velho, tendo continuidade em 1678 com a construção da capela consagrada à Nossa Senhora do Desterro. É nessa época que a atual Florianópolis se transforma numa "Vila", que aos poucos foi adquirindo aspecto colonial. E para garantir seu domínio, em 1714 a Coroa Portuguesa elevou a Ilha à categoria de "Freguesia" com o nome de "Nossa Senhora do Desterro", mas no ano de 1726 a Ilha volta a ser elevada à categoria de "Vila".
A partir desta data a Vila de Nossa Senhora do Desterro e, principalmente, com o Porto Desterrense, passou a ter função estratégica poe estar a meio caminho entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires, consideradas na época as duas maiores cidades litorâneas do atlântico da América do Sul.
Em 1738, é criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina quando começa ser exigido o mais expressivo Conjunto Defensivo Litorâneo do Sul do Brasil. E assim foram construídas as Fortalezas de Santa Cruz, São José da Ponta Grossa, Santo Antônio e de Nossa Senhora da Conceição da Barra do Sul.
Com a implantação da Capitania, sob os vieses da monarquia, a população começa a aumentar, porém o grande salto populacional acontece entre 1747 e 1756 com a chegada aproximada de 4.000 colonizadores procedentes do Arquipélago dos Açores e da Ilha da Madeira, enviada pelo rei de Portugal. Com a ocupação açoriana acontece o desenvolvimento da agricultura, da indústria manufatureira de algodão e linho e do comércio.
Por volta de 1823, ainda no período monárquico, Nossa Senhora do Desterro tornou-se Capital da Província de Santa Catarina, iniciando um período de prosperidade com a abertura para as obras urbanas e também com uma intensa organização política.
Com a instauração inicial da República Brasileira, com as elites regionais, bem inconformadas sobre a centralização do governo, foi deflagrada a Revolta Federalista, um movimento iniciado no Rio Grande do Sul, espalhando-se por Santa Catarina, o que tornou Nossa Senhora do Desterro numa "Capital Federalista da República Brasileira".
Foi assim, que presidente do Brasil, Marechal Floriano Peixoto, conhecido pela população brasileira como o "Marechal de Ferro", sufocou a rebelião, ordenando aos seus comandantes que fuzilassem todas as pessoas na fortaleza da Ilha de Anhatomirim, pessoas consideradas por ele, suas inimigas. Para mostrar lealdade ao marechal mandante da história do extermínio de muitos ilhéus, é que foi aprovado em 1894, a troca do nome da Capital do Estado de Santa Catarina, que passou de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis, ou seja, a "Cidade de Floriano Peixoto".
Hoje, com o desenvolvimento das novas políticas públicas social, político e econômico, o nome da Capital encontra-se desvinculado de sua origem, representando tudo de bom que a Ilha de Santa Catarina tem a nos oferecer.
Neste contínuo, estudos nos mostram que o povoamento oficial da Ilha de Santa Catarina, iniciou em 1673 com a chegada do bandeirante Francisco Dias Velho, tendo continuidade em 1678 com a construção da capela consagrada à Nossa Senhora do Desterro. É nessa época que a atual Florianópolis se transforma numa "Vila", que aos poucos foi adquirindo aspecto colonial. E para garantir seu domínio, em 1714 a Coroa Portuguesa elevou a Ilha à categoria de "Freguesia" com o nome de "Nossa Senhora do Desterro", mas no ano de 1726 a Ilha volta a ser elevada à categoria de "Vila".
A partir desta data a Vila de Nossa Senhora do Desterro e, principalmente, com o Porto Desterrense, passou a ter função estratégica poe estar a meio caminho entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires, consideradas na época as duas maiores cidades litorâneas do atlântico da América do Sul.
Em 1738, é criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina quando começa ser exigido o mais expressivo Conjunto Defensivo Litorâneo do Sul do Brasil. E assim foram construídas as Fortalezas de Santa Cruz, São José da Ponta Grossa, Santo Antônio e de Nossa Senhora da Conceição da Barra do Sul.
Com a implantação da Capitania, sob os vieses da monarquia, a população começa a aumentar, porém o grande salto populacional acontece entre 1747 e 1756 com a chegada aproximada de 4.000 colonizadores procedentes do Arquipélago dos Açores e da Ilha da Madeira, enviada pelo rei de Portugal. Com a ocupação açoriana acontece o desenvolvimento da agricultura, da indústria manufatureira de algodão e linho e do comércio.
Por volta de 1823, ainda no período monárquico, Nossa Senhora do Desterro tornou-se Capital da Província de Santa Catarina, iniciando um período de prosperidade com a abertura para as obras urbanas e também com uma intensa organização política.
Com a instauração inicial da República Brasileira, com as elites regionais, bem inconformadas sobre a centralização do governo, foi deflagrada a Revolta Federalista, um movimento iniciado no Rio Grande do Sul, espalhando-se por Santa Catarina, o que tornou Nossa Senhora do Desterro numa "Capital Federalista da República Brasileira".
Foi assim, que presidente do Brasil, Marechal Floriano Peixoto, conhecido pela população brasileira como o "Marechal de Ferro", sufocou a rebelião, ordenando aos seus comandantes que fuzilassem todas as pessoas na fortaleza da Ilha de Anhatomirim, pessoas consideradas por ele, suas inimigas. Para mostrar lealdade ao marechal mandante da história do extermínio de muitos ilhéus, é que foi aprovado em 1894, a troca do nome da Capital do Estado de Santa Catarina, que passou de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis, ou seja, a "Cidade de Floriano Peixoto".
Hoje, com o desenvolvimento das novas políticas públicas social, político e econômico, o nome da Capital encontra-se desvinculado de sua origem, representando tudo de bom que a Ilha de Santa Catarina tem a nos oferecer.
Em 1965, a Prefeitura Municipal de Florianópolis, agora inovada, lançou um concurso para eleger uma canção própria da cidade florianopolitana, através do Projeto de Lei nº 877 de 27/08/1968, de autoria do vereador Waldemar Joaquim da Silva Filho (Caruso).
A canção vencedora do concurso foi o "Rancho do Amor à Ilha", de autoria de Cláudio Alvim Barbosa (o manezinho Zininho ), sendo o Hino Oficial de Florianópolis .
RANCHO DE AMOR À ILHA
"Um pedacinho de terra,
perdido no mar...
Num pedacinho de terra,
beleza sem par...
Jamais a natureza
reuniu tanta beleza
jamais algum poeta
teve tanto pra cantar!
Num pedacinho de terra
belezas sem par!
Ilha da moça faceira,
da velha rendeira tradicional
Ilha da velha figueira
onde em tarde fagueira
vou ler meu jornal.
Tua lagoa formosa
ternura de rosa
poema ao luar,
cristal onde a lua vaidosa
sestrosa, dengosa
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
O BURRICO ROBERTO CARLOS
Segundo moradores, o animal foi queimado na quarta-feira (21/dez.) e até segunda-feira (26/dez.) a Polícia Ambiental não havia aparecido na área. (Foto: Reprodução/Tv Bahia)
Dia 30 de dezembro liguei a televisão e tive a terrível visão de uma reportagem mostrando em rede nacional, um burrico com o lombo todo queimado. De acordo com a narrativa, um adolescente que tentou montar no pobre bichinho que se recusou recebê-lo, e sem coração, em nome da inconsequência infantojuvenil, o rapaz fez isso com o indefeso "Ser". Vamos falar sério, onde estão os pais desse inconsequente ser desalmado?
Ao ver o sofrimento do pobre burrico, senti uma dor muito grande e chorei... Nesse momento pensei, refleti, tentei ver o que está acontecendo com os jovens deste século, mas não consegui uma resposta além da dor que ainda permanece em mim.
Para asorte do Burrico Roberto Carlos, ia passando por ele, um veterinário que se compadeceu da situação do bichinho e falou com um amigo, dono de um háras, que adotou o Burrico. O absurdo maior, também foi o descaso da polícia ambiental, a qual foi chamada mas não compareceu no local desse ato criminoso.
Vendo e ouvindo essa reportagem, lembrei de quando gerei meus dois filhos (Planejados), nem me passou pela cabeça de vê-los fazendo uma barbárie dessa. Jamais tive medo de colocá-los no mundo, assim como a maioria das mulheres temem ter seus filhos nos tempos atuais, optando pela não maternidade. Tudo por terem medo de saberem educar seus filhos, já que não se pode dar nem mais um tapinha educativo nos cidadãos do futuro, os quais não sabem ouvir porque não tem a escuta bem desenvolvida.
Minha filha, no início de sua adolescência, costumava expressar sua indignação de ter uma mãe velha, principalmente quando era repreendida diante de seus comportamentos desaprovados. Ela chorava, esperneava ao ver seus pedidos de passar os fins de semana nas casas das colegas de escola, negado pelos pais. Certa vez, ela falou em bom tom:
__ Sou prisioneira desta casa. Qualquer dia desses eu denuncio vocês ao Conselho Tutela da Criança e do Adolescente! Nesse instante, num impulso de proteção maternal, lhe respondi:
__ Minha filha, tudo o que desejo é te ver feliz hoje e amanhã. Veja os pais de tuas colegas, eles saem para suas viagens e deixam as meninas sozinhas em casa. Que pais são esses que deixam suas filhas assim a solta sem saberem o que acontece com elas... Sem saberem com quem elas adam, onde estão... Será que eles as amam tanto quanto eu e teu pai amamos você?
Ela rapidamente respondia com uma gama de perguntas:
__ Eu sei que vocês me amam, mas custa me deixar sair um pouco? Filhos não são prisineiros, sabia?
Nesses momentos, eu me mantia firme e não a deixava sair. Consciente de meus deveres maternais, eu muitas vezes chorei escondida, mas não voltava atras com minhas decisões porque sabia que minha filha adolescente ainda não estava pronta para sair e dormir fora de casa. Não por falta de confiança, mas pro zelo e amor, afinal eu fui incubida de preparar meus filhos para viverem a vida conscientes de seus deveres e seus direitos.
Meus filho sempre foi mais tranquilo. Passou por todas as fases sem problemas além dos ditos dentro dos padrões da normalidade. Aos dois anos de idade, ele foi flagrado segurando uma codorna pelo pescoço... A bichinha já estava morta, quando a retirei de suas mãos e nos sentamos para uma conversa sobre tal atitude. Muitos diriam que meu filho era uma criança pequena, e que por isso não entenderia nada. Mas após a longa conversa, ele pegou a codorna e a enterrou numa covinha cavada por ele, que chorando, falou ao bichinho pra dormir sossegado porque ele não iria mais matar nenhuma das suas irmãs. Ao contrário da irmã, ele sempre necessitou de estímulos nos estudos por ser portador de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. Mas era cobrado sempre que necessário, sendo conscientizado de seus deveres e respeito aos outros... Enfim, tudo o que um filho necessita na sua educação para que no futuro não venha envergonhar, nem decepcionar seus pais. Eles sempre souberam que, se os pais não educam seus filhos no tempo certo, mais tarde a sociedade se encarrega de fazer o que a família não conseguiu.
Me doía quando, após conversar e colocá-los para pensar sem um retorno, eu dava um tapa em meus filhos, mas confesso que valeu a pena. Eles mesmo dizem que devem o que são hoje, pela educação que receberam em casa.
Os dois são dois amores de pessoas. São responsáveis, tranquilos... São saudáveis e sem complicações na arte de respeitar os limites impostos pela sociedade, pela família, pela mãe natureza...
Sempre tivemos animais em casa porque os respeitamos e os amamos como seres criados com uma finalidade, assim como fomos criados e temos direitos a vida. Nós os respeitamos assim como desejamos ser respeitados.
E este sujeito que colocou fogo no Burrico Roberto Carlos, o que pensa da Vida? Que educação recebeu no seio de sua família? E seus pais, o que pensam a respeito dessa horrenda atitude?
Já vimos animais ferozes devorar gente... Não por prazer intencional desse tipo, e sim por questões de sobrevivência. Mesmo ferozes, eles protegem sua prole... Hoje pela manhã, por exemplo, uma correca avançou sobre meu marido, ao sentir-se ameaçada. Ela construiu seu ninho na calha de minha casa, e não mede esforços para defender seu habitat.
E você, o que pensa sobre o ocorrido com o Burrico Roberto Carlos?
Refletindo, parece que para cada pessoa que pratica o bem, podemos assistir uma meia dúzia praticando o mal, sem piedade...
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
FELIZ NATAL HEBRAICO: MO'ADIM LESIMKHA!
Menino Jesus feito em argila - parte do presépio japonês em exposição na Biblioteca Pública de Santa Catarina/Fpolis, até dia 6 de janeiro de 2012.
Maria estava ao lado de Jesus sobre a humilde manjedoura, no aconchego da pequena estrebaria, quando chegaram os três Reis Magos: Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da Arábia. Mesmo sem saber ao certo se eles eram Reis, eles teriam visitado Jesus após seu nascimento, seguindo a Estrela Guia,quando chegaram ao local onde o Menin...o se encontrava sob os cuidados de José e Maria, rodeados pelos animais que os aqueciam. Foi assim que no dia 6 de janeiro, segundo a história que nos contam desde a infância, estes três personagens ficaram conhecidos pela humanidade por trazerem presentes ao Salvador da Humanidade: O ouro representante da realeza, pode ter sido uma providência divina à futura fuga da família ao Egito, quando Herodes ordenaria que matassem todos os meninos de até dois anos de idade, de Belém; o incenso podendo representar a fé no simbolismo da oração dirigida a Deus e a mirra, uma resina antiséptica utilisada em embalsamamentos desde o antigo Egito, nos remete ao martírio de Jesus, até sua morte, tanto que Maria e Madalena utilizaram um composto de mirra e aloés para embalsar Jesus (maiores detalhes - João 19: 39 e 40) após sua crucificação pelas fraquezas da humanidade. Tais registros estão melhores delimitados em estudos no Santo Sudário de Turim, onde foram encontrados estes produtos.
"Sendo por divina advertência prevenidos em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2, 12). Nada mais a Escritura diz sobre essa história cheia de poesia, não havendo também quaisquer outros documentos históricos sobre eles.
Foi assim que surgiu a tradição de trocar presentes no Natal em celebração ao nascimento de Jesus. Em países alguns europeus, a principal troca de presentes de Natal, acontece no dia 6 de janeiro, quando os pais se vestem de Reis Magos para presentear seus filhos.
MO'ADIM LESIMKHA!
Forma Figurativa e Produção Literária: Claudete T. da Mata
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
FELICITANDO JESUS, FELIZ NATAL!
MARIA ESTAVA NO ACONCHEGO DE SUA HUMILDE CASA, NUMA CIDADELA BEM LONGE DAQUI E NUM TEMPO MAIS LONGE AINDA, QUANDO GABRIEL CHEGOU PARA LHE FALAR E PROCLAMAR A INSEMINAÇÃO CELESTIAL, PARA O NASCIMENTO DO SALVADOR.
ELA LEVOU UM SUSTO, ATÉ CHOROU, MAS DEPOIS AGRADECEU AO PAI CRIADOR DE TUDO E DE TODOS, PELA INFINITA BENÇÃO RECEBIDA NAQUELA NOITE DE MARÇO DE LONGA DATA.
E AGORA, COMO FALAR AO NOIVO SOBRE GABRIEL E A SURPREENDENTE INSEMINAÇÃO MILENAR QUE RESULTARIA NO NASCIMENTO DE UM MENINO QUE FICARIA PARA SEMPRE NO CORAÇÃO DA HUMANIDADE?
PRIMEIRO ELA FALOU COM SUA MÃE, QUA A ORIENTOU COMO TODAS AS MÃES ATENCIOSAS FAZEM COM SUAS FILHAS, NUMA SITUAÇÃO SEMELHANTE, DEPOIS COM O AUXÍLIO DA MÃE, FALOU COM O PAI, LOGO TODA A FAMÍLIA TOMOU CONHECIMENTO DA CHEGADA DE MAIS UM MEMBRO.
POR ÚLTIMO, FOI A CONVERSA COM JOSÉ, QUE POR SUA VEZ, FICOU REVOLTADO AO SE SENTIR TRAÍDO...
GABRIEL, VENDO O SOFRIMENTO DO CASAL, RETORNOU À TERRA PARA UMA CONVERSA COM O NOIVO, NO SEU PRIMEIRO SONO, UM BELO MOMENTO PARA UMA CONVERSA DE ESCLARECIMENTOS.
O NOIVO ACORDOU NUM SOBRESSALTO, CORRENDO AO ENCONTRO DA NOIVA PARA RECEBÊ-LA EM SEUS BRAÇOS.
OS DOIS VIAJARAM PARA BELÉM...
FOI ASSIM QUE NASCEU JESUS, NUMA NOITE SOB UM TAPETE DE ESTRELAS, NUM BERÇO HUMILDE, TODO FORRADO DE PALHAS E COBERTO DE LUZ, ACONCHEGANDO NO MUNDO O AMOR MAIOR - JESUS!
FELIZ NATAL!
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
AOS MEUS CONTERRÂNEOS, QUE MORAM NOS ESTADOS UNIDOS ATÉ A RÚSSIA
MINHA PERSONAGEM CANDOCA NA TV
Dia 15 de setembro, me apresentei na "TVN Programa Mais São José, Canal 10", onde fui bem recebida com minha personagem Candoca. Olha ela aí com meu amigão Nériton Martins, assistente de produção, e o apresentador Charles Colzani, o qual se divertiu muito com as brincadeiras humorísticas de Candoca.
Foi uma noite especial, onde minha personagem foi bem recebida e solicitada pelo público que se divertiu com a benzedura feita para afastar os olhos grandes sobre o apresentador. Ele ficou satisfeito com a benzedura. Heheheheh...
Nériton, Candoca e Charles
Até um jacaré pego por um pescador, lá pras bandas do Rio Vermelho, onde o bichinho foi pego e levado pra casa pra ser tratado como animal de estimação. Só que assim que o tal jacaré cresceu, pulou pra dentro do rio da Hercílio Luz e foi parar lá na rua Almirante Lamego, povoada na épóca, pelos imigrantes alemãs, aonde ele se fartou de tando comer galinhas, patas e gansas fresquinhas. Só que depois a culpa caiu sobre os famosos ladrões de galinhas, bem conhecidos na época da virada de Nossa Senhora do Desterro para a atual Florianópolis. Dizem os herdeiros dos tais imigrantes, que colocaram um homem de guarda para proteger os viveiros fartos de animais domésticos de todos os tipos, trazidos do exterior, o qual ao ouvir o cacarejar das galinhas, correu com a arma na mão e viu o tal jacaré com a comprida boca cheia de galinha.
Dia 21 de novembro, fui ao programa sem minha personagem, para uma entrevista com Charles e Claudete. Nessa entrevista falamos sobre comidas típicas dos manezinhos, como por ex. "pirão de nalho", aquele feito com farinha escaldada, próprio para ser degustado com peixe frito e/ou ensopado (uma delícia!), e "pirão de pinto", feito com farinha de mandioca e água fria, muito apreciado pelos antigo pescadores e catadores de berbigão. Até deu vontade de comer peixe frito e peixe ensopado com camarão sobre uma pratada de "pirão de nalho"... Hehehehehe...
No programa de ontem, dia 12.11, Charles, na falta da sacola da feira, pegou a bolsa da Candoca e revirou tudo, tirando outras coisas de dentro dela, cada qual com mais um causo levado ao ar. Candoca levou bolinho de chuva com bananas, enrolado no açúcar com canela. Charles e Nériton, gostaram da surpresa.
VELHO JOÃO: O FILHO DA BRUXA!
Há muitos anos atrás, numa sexta-feira de lua cheia, lá pras bandas do Sertão do Ribeirão da Ilha de Santa Catarina, antiga Nossa Senhora do Desterro, num milharal próximo à praia da freguesia do Ribeirão da Ilha, um saragaço soava longe. Era agito de gente e choro de criança pequena, que parecia miado de gato pequeno, misturado a latidos e ganidos de cachorros. Próximo do local, uma velha benzedeira, que todos chamavam de Sinhá Sissa, assustada acendeu a pomboca e foi até a janela para ver o que se passava. Lá fora, bem longe de sua casa ela conseguiu avistar uns cães do mato a latir sem parar.
- Crux-credo... Elix tão doido, é? Xiiiiiiiiiiiii... Devi sê as marvada dax bruxalhada nas andança noturna, só podi sê mô Deux.
Enquanto a benzedeira assoprou a pomboca e resolveu se deitar após uma reza de proteção contra os atos bruxólicos, um pescador lá fora no mar, ouviu um choro de criança recém-nascida que vinha de trás de um milharal, em terra firme. O local ficava nos fundos da casa de sua comadre benzedeira que nessa hora já estava a roncar. Era a Sinhá Sissa.
O lugar dava de frente para o mar e lá de dentro de sua canoa, o pescador que era o mais velho entre os outros que o acompanhavam na pescaria, chamou a atenção dos amigos.
- Vancês tão oivindo o queu tô?
Um dos pescadores retrucou enquanto outros riam:
- Tô não cumpadi... O cumpadi que me dixcurpe, maix deve sê cousa da tua baça, visse? Onde já se viu oiví choru dei guri piqueno nessa dixtânça, homi di Deux?
O velho pescador que tinha o costume de perder as estribeiras ao ser provocado, levantou da ponta da gaiuta e falou:
- Poix intão acabou essa pexcaria!!! Vamu todo mundo de vorta pra bera da praia e aí vamu vê se isso é cousa da minha cabeça, visse cumpadi!!!
Como era muito conhecido pelos seus rompantes, que eram de deixar qualquer um sem saída, ninguém quis contrariá-lo e voltaram para ver que choro era aquele que só o velho pescador estava a ouvir.
Ao se aproximarem do local, seguindo o choro de criança, que ora parecia miado de gato, ora parecia ganido de cachorro, o choro ficava cava vez mais próximo. E, para surpresa de todos, o pescador mais velho, já um tanto irritado, o José Tião, mais conhecido por Zé das Pedras, encontrou no meio do milharal uma criança recém-nascida enrolada em panos velhos, sobre as palhas de milho no meio do milharal.
A criança parecia estar enrolada numa coberta de pluma de pato, de tão quentinha que estava, mesmo que estivesse enrolada num pano velho e rasgado. Era um menino de olhos grandes e cheios de lágrimas que banhavam o seu rostinho miúdo. Ele olhou os pescadores um por um e mostrou um discreto sorriso para um dos pescadores, feito um ser encantado.
Para a admiração de todos, o pescador mais novo do bando pegou o menino e o abraçou fortemente como se já o conhecesse há muito tempo. Os olhos da criança faziam ele lembrar do olhar de uma pessoa muito querida para ele. Foi então que o bando de pescadores fez um grande saragaço.
- Maix veja só genti, não é qui o gurizinho goxtô dele?!
- Sei não - disse outro pescador - inté pareci cum essaí!!!
E, com todos falando ao mesmo tempo e cada um dizendo algo diferente, ninguém percebeu que o menino calou e dormiu tranquilo no colo quentinho do Zezé, o pescador mais novo.
Depois do saragaço veio a calmaria que organizou as ideias dos pescadores que, agora mais calmos, foram à procura de uma solução.
Alguém precisava ver se a criança era menino ou menina.
Foi então que o seu Vivinho, o pescador mais velho de todos, teve a ideia de levar a criança para alguma mulher da redondeza. E, veio à ideia de todos, levar o recém-nascido para a Dona Sissa, aquela que foi até a janela antes do seu Vivinho ter ouvido o choro da criança.
Além de precisar saber se a criança era menino ou menina, eles também pensaram ao mesmo tempo que o recém-nascido deveria ser benzido. E, logo veio à cabeça do Zezé, que a Dona Sissa, que era uma benzedeira de mão cheia.
- Gente, achu que além da genti vê si essa criança é isso ô aquilu, si ela tivé imbruxada vai tê que sê benzida. Intão vamo logu pra casa da sinhá Sissa, vamu?
Dona Sissa, que já estava roncando embaixo das cobertas, acordou e acendeu a pomboca para atender o chamado do seu Vivinho. Ela pegou a criança e ao ver que era um menino, o olhou da cabeça aos pés... E, sem nada encontrar, fez sobre ele uma reza de proteção, que era assim:
"São Pedro, salva-me bem que me vou.
Jesus Cristo foi Batizado.
Na arca de Noé me meto.
Com as chaves de São Pedro me fecho,
Para que nenhum mal te aconteça.
E tudo quanto perder, apareça.
A Jesus me entrego,
E a Jesus um credo rezo.
Amém!”
Depois desse benzimento, Dona Sissa colocou um "brebe" de proteção no pescoço do menino, para que ele ficasse protegido de todos os males do corpo e da alma. Em especial, contra os atos bruxólicos. Bem sabia ela que as bruxas malvadas gostavam de chupar sangue de criança pequena, fazer nós nos seus cabelos e beliscá-los para fazê-los chorar durante à noite. E, o menino ficou bem protegido. A benzedeira o banhou e lhe deu leite de cabra para ficar forte e enfrentar a vida.
Mas alguém precisava adotar o menino. E quem faria isso? O Zezé que, ao recusar a ideia, ouviu da Dona Sissa:
- Mô fio, agora toma qui ele é teu... O gurizinho vai si dá bem cuntigo, mô fio. Ele é teu, sabiax?
O menino, que parecia entender o que a benzedeira falou, se agarrou no braço esquerdo do Zezé parecendo querer ficar com ele. Por sua vez, ao olhar nos olhos do menino, Zezé soltou uma frase que surpreendeu os amigos.
- Ele vai se chamá João!
Assim, o tempo passou e João já não era mais aquele menino que gostava de brincar com as meninas da vizinhança, soltar pandorga, brincar de bolinha de gude e de carretão morro abaixo lá no alto do Sertão. Nem mais benzia e ia à percaria com os amigos, como fazia desde criança e na juventude. Agora era o Velho João, aquele que nasceu lá nas bandas da praia do Ribeirão da Ilha. Que agora, mais que nunca, já não dava mais ouvidos a quem o chamava de filho da bruxa, certo noite, numa sexta-feira de lua-cheia, acordou de madrugada com um barulho vindo de sua cozinha. E, pé por pé, Velho João saiu de seu quarto, desceu a escada e assustado com o que seus olhos viram, se agachou e congelou bem no meio da escada.
Agachado e agarrado ao corrimão de madeira quase podere, Velho João viu um bando de bruxas na sua cozinha a colocar gravetos no fogão à lenha para cozinhar a comilança e as suas mandingas no maior saragaço. Elas tagarelavam suas tramas bruxólicas, que de tão alto dava de se ouvir lá do outro lado dos confins do mundo.
Nessa noite, as bruxas planejavam uma festa na beira da praia... E, nesse momento, a bruxa mais velha do bando, uma benzedeira muito estranha, falou alto e aos gritos para chamar a atenção da bruxarada:
- Meniiiiinas!!!... Tô sentindo cheiro de homem... Aonde tá a minha vassoura? Vassoura, vassoura matreira, saia já daí sua preguiçosa e veja quem é... Ande logo sua molenga!!!
Nesse instante, a vassoura que estava encostada atrás do fogão à lenha, espionando tudo, saiu correndo, subiu a escada e se meteu entre as pernas do Velho João. E, dando uma rodopiada pela cozinha, a vassoura saiu janela afora. E os dois subiram até às alturas.
E lá se foi a vassoura levando o Velho João, aquele que um dia apareceu chorando lá pras bandas do Ribeirão.
Dizem que a vassoura voou por todo o Ribeirão da Ilha de Santa Catarina, com o Velho todo desengonçado na sua garupa. Os dois foram até o Centro da antiga Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, e lá das alturas, sobre a velha figueira da Praça XV de Novembro, Velho João viu um bando de crianças em círculo e no meio delas estavam alguns palhaços se apresentavam com suas palhaçadas e as suas estripulias. Eles cantavam, tocavam seus instrumentos musicais e dançavam freneticamente. E a criançada ria, aplaudia e gargalhava.
Lá das alturas, Velho João, ainda tonto e sem prática de voo sobre vassouras, caiu bem no meio dos palhaços e suas travessuras. Foi então, que a plateia riu mais ainda ao pensar que aquilo fizesse parte da palhaçada.
Velho João, que de bobo não tinha nada, saiu dançando feito criança. E, entre o riso da gurizada, ele pulou no meio da roda e dos palhaços e dançou feito criança. Envolvido nesse mágico momento, ele até esqueceu das dores nos joelhos e nas suas costas arcadas pelo tempo. Seus cabelos ralos, pareciam fios dourados banhados pela luz do sol. Parecia estar além dessa noite arrepiante.
Depois de muito pular, cantar e dançar, Velho João sentiu uma saudade louca de seu travesseiro, o seu maior companheiro. Enquanto isso, lá escondida atrás da "velha figueira", a vassoura matreira, ao ver a alegria estampada no semblante da gurizada, beliscou um fiapo de suas palhas e matutou:
- Ah... Velho João, Velho João, chega de brincadeiras... Nunca vi dentro de uma só pessoa tanta felicidade! Meu menino é hora de parar com essas travessuras e voltar para casa. É por isso que...
E mal a vassoura acabou de matutar, saiu em disparada e se meteu entre as pernas do Velho João. E os dois voaram de volta lá para a praia do Ribeirão.
De repente, em casa, Velho João se viu embaixo do colchão, com seu pijama listrado e todo amarrotado. Assustado e agarrado ao velho travesseiro, o seu maior companheiro, o velho matreiro sussurrou de si para consigo:
- Velho João, velho João o que que é isso homem? Já sei, continuou ele - devo tá sonhando demais. Deve ter sido aquela feijoada cheia de gostosuras. E foi coçando a velha careca que Velho João sentiu um arrepio acompanhado de um calafrio que abraçou o seu corpo enrugado. Nesse momento arrepiante, ele segurou o "brebe" e o apertou bem forte ao peito e falando alto, dizendo:
- Jesus, Maria, José... Protejam-me! Amanhã é dia de levantar antes das galinhas e preparar as minhas ervas pra benzer as crianças e quebrar os maus olhados, as arcas caídas... E à noite ainda quero pescar umas tainhotas bem gordas, pra comer com "pirão de nalho". Esse "conduto" não vai me dar pesadelo. E, nesse exato instante, a janela do quarto se abriu deixando entrar casa adentro uma ventania com cheiro de maresia misturada com enxofre.
Era o Vento Sul que varria tudo o que via pela frente.
Além do vento algo puxou a barra do pijama de Velho João, que imediatamente, num só pulo, enfiou-se embaixo do colchão. E, lá fora da casa, uma voz dizia alto e em bom tom:
- Velho João, Velho João... Agora ouve tua mãe, aquela te deixou nascer lá no meio do milharal da praia do Ribeirão... Dizi ax fofoquera, que éx fio de bruxa, maix não liga não mô fio, i durma im pax qui eu também ti proteju!!! Purissu tu nunca caisse da vassora quandu avuavax cum ela, ti alembra? I óia qui mi dessi um monti de netu bem bunitu, vissi? Ahahahaha...
E essa risada ficou para sempre na cabeça do Velho João, o filho da bruxa. E sua história ficou na memória de algumas pessoas de sua família, lá do Sertão do Ribeirão da Ilha da Magia de Santa Catarina.
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Autoria de Claudete Terezinha da Mata. Conto que faz parte da sua vivência e elaborado textualmente, em 2007, após ter participado do curso de formação de contador de histórias pelo SESC/Prainha, com Cléo Busatto - história narrada nesta data na Feira do Livro em Palhoça/SC, num jogo de improviso com a escritora Inês Carmelita Lohn. Querido leitor, tenho o hábito de escrever este conto depois de cada apresentação, uma forma de preservar as minhas vivências na Ilha onde nasci, fui criada e educada, aprendi a andar, tive meus dois filhos e onde me tornei uma contadora de histórias e escritora da memória. Um dia ainda conseguirei editar este meu conto.
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A benzedura feita nesta criação é considerada um "responso" que faz parte das orações populares rezadas aos santos para que nenhum mal nos aconteça e também para que possamos encontrar coisas extraviadas ou perdidas. Mas a que sempre rezo nas contações de histórias é outra porque ainda não consegui memorizar esta. O "brebe" é um saquinho com ervas bentas, feito pelas benzedeiras que colocam no pescoço das pessoas como um amuleto de proteção. O pirão de nalho, de origem indígena e mantido pelos açorianos, é o conhecido pirão feito farinha de mandioca e água fervente para deixá-lo bem escaldado. Os antigos também faziam o pirão de pinto que era feito com a mesma farinha e água fria. Eles também faziam pirão de café fervido para comer com peixe frito e outros condutos (berbigão, peixe, camarão e carne seca, todos ensopados sobre o pirão).
- Crux-credo... Elix tão doido, é? Xiiiiiiiiiiiii... Devi sê as marvada dax bruxalhada nas andança noturna, só podi sê mô Deux.
Enquanto a benzedeira assoprou a pomboca e resolveu se deitar após uma reza de proteção contra os atos bruxólicos, um pescador lá fora no mar, ouviu um choro de criança recém-nascida que vinha de trás de um milharal, em terra firme. O local ficava nos fundos da casa de sua comadre benzedeira que nessa hora já estava a roncar. Era a Sinhá Sissa.
O lugar dava de frente para o mar e lá de dentro de sua canoa, o pescador que era o mais velho entre os outros que o acompanhavam na pescaria, chamou a atenção dos amigos.
- Vancês tão oivindo o queu tô?
Um dos pescadores retrucou enquanto outros riam:
- Tô não cumpadi... O cumpadi que me dixcurpe, maix deve sê cousa da tua baça, visse? Onde já se viu oiví choru dei guri piqueno nessa dixtânça, homi di Deux?
O velho pescador que tinha o costume de perder as estribeiras ao ser provocado, levantou da ponta da gaiuta e falou:
- Poix intão acabou essa pexcaria!!! Vamu todo mundo de vorta pra bera da praia e aí vamu vê se isso é cousa da minha cabeça, visse cumpadi!!!
Como era muito conhecido pelos seus rompantes, que eram de deixar qualquer um sem saída, ninguém quis contrariá-lo e voltaram para ver que choro era aquele que só o velho pescador estava a ouvir.
Ao se aproximarem do local, seguindo o choro de criança, que ora parecia miado de gato, ora parecia ganido de cachorro, o choro ficava cava vez mais próximo. E, para surpresa de todos, o pescador mais velho, já um tanto irritado, o José Tião, mais conhecido por Zé das Pedras, encontrou no meio do milharal uma criança recém-nascida enrolada em panos velhos, sobre as palhas de milho no meio do milharal.
A criança parecia estar enrolada numa coberta de pluma de pato, de tão quentinha que estava, mesmo que estivesse enrolada num pano velho e rasgado. Era um menino de olhos grandes e cheios de lágrimas que banhavam o seu rostinho miúdo. Ele olhou os pescadores um por um e mostrou um discreto sorriso para um dos pescadores, feito um ser encantado.
Para a admiração de todos, o pescador mais novo do bando pegou o menino e o abraçou fortemente como se já o conhecesse há muito tempo. Os olhos da criança faziam ele lembrar do olhar de uma pessoa muito querida para ele. Foi então que o bando de pescadores fez um grande saragaço.
- Maix veja só genti, não é qui o gurizinho goxtô dele?!
- Sei não - disse outro pescador - inté pareci cum essaí!!!
E, com todos falando ao mesmo tempo e cada um dizendo algo diferente, ninguém percebeu que o menino calou e dormiu tranquilo no colo quentinho do Zezé, o pescador mais novo.
Depois do saragaço veio a calmaria que organizou as ideias dos pescadores que, agora mais calmos, foram à procura de uma solução.
Alguém precisava ver se a criança era menino ou menina.
Foi então que o seu Vivinho, o pescador mais velho de todos, teve a ideia de levar a criança para alguma mulher da redondeza. E, veio à ideia de todos, levar o recém-nascido para a Dona Sissa, aquela que foi até a janela antes do seu Vivinho ter ouvido o choro da criança.
Além de precisar saber se a criança era menino ou menina, eles também pensaram ao mesmo tempo que o recém-nascido deveria ser benzido. E, logo veio à cabeça do Zezé, que a Dona Sissa, que era uma benzedeira de mão cheia.
- Gente, achu que além da genti vê si essa criança é isso ô aquilu, si ela tivé imbruxada vai tê que sê benzida. Intão vamo logu pra casa da sinhá Sissa, vamu?
Dona Sissa, que já estava roncando embaixo das cobertas, acordou e acendeu a pomboca para atender o chamado do seu Vivinho. Ela pegou a criança e ao ver que era um menino, o olhou da cabeça aos pés... E, sem nada encontrar, fez sobre ele uma reza de proteção, que era assim:
"São Pedro, salva-me bem que me vou.
Jesus Cristo foi Batizado.
Na arca de Noé me meto.
Com as chaves de São Pedro me fecho,
Para que nenhum mal te aconteça.
E tudo quanto perder, apareça.
A Jesus me entrego,
E a Jesus um credo rezo.
Amém!”
Depois desse benzimento, Dona Sissa colocou um "brebe" de proteção no pescoço do menino, para que ele ficasse protegido de todos os males do corpo e da alma. Em especial, contra os atos bruxólicos. Bem sabia ela que as bruxas malvadas gostavam de chupar sangue de criança pequena, fazer nós nos seus cabelos e beliscá-los para fazê-los chorar durante à noite. E, o menino ficou bem protegido. A benzedeira o banhou e lhe deu leite de cabra para ficar forte e enfrentar a vida.
Mas alguém precisava adotar o menino. E quem faria isso? O Zezé que, ao recusar a ideia, ouviu da Dona Sissa:
- Mô fio, agora toma qui ele é teu... O gurizinho vai si dá bem cuntigo, mô fio. Ele é teu, sabiax?
O menino, que parecia entender o que a benzedeira falou, se agarrou no braço esquerdo do Zezé parecendo querer ficar com ele. Por sua vez, ao olhar nos olhos do menino, Zezé soltou uma frase que surpreendeu os amigos.
- Ele vai se chamá João!
Assim, o tempo passou e João já não era mais aquele menino que gostava de brincar com as meninas da vizinhança, soltar pandorga, brincar de bolinha de gude e de carretão morro abaixo lá no alto do Sertão. Nem mais benzia e ia à percaria com os amigos, como fazia desde criança e na juventude. Agora era o Velho João, aquele que nasceu lá nas bandas da praia do Ribeirão da Ilha. Que agora, mais que nunca, já não dava mais ouvidos a quem o chamava de filho da bruxa, certo noite, numa sexta-feira de lua-cheia, acordou de madrugada com um barulho vindo de sua cozinha. E, pé por pé, Velho João saiu de seu quarto, desceu a escada e assustado com o que seus olhos viram, se agachou e congelou bem no meio da escada.
Agachado e agarrado ao corrimão de madeira quase podere, Velho João viu um bando de bruxas na sua cozinha a colocar gravetos no fogão à lenha para cozinhar a comilança e as suas mandingas no maior saragaço. Elas tagarelavam suas tramas bruxólicas, que de tão alto dava de se ouvir lá do outro lado dos confins do mundo.
Nessa noite, as bruxas planejavam uma festa na beira da praia... E, nesse momento, a bruxa mais velha do bando, uma benzedeira muito estranha, falou alto e aos gritos para chamar a atenção da bruxarada:
- Meniiiiinas!!!... Tô sentindo cheiro de homem... Aonde tá a minha vassoura? Vassoura, vassoura matreira, saia já daí sua preguiçosa e veja quem é... Ande logo sua molenga!!!
Nesse instante, a vassoura que estava encostada atrás do fogão à lenha, espionando tudo, saiu correndo, subiu a escada e se meteu entre as pernas do Velho João. E, dando uma rodopiada pela cozinha, a vassoura saiu janela afora. E os dois subiram até às alturas.
E lá se foi a vassoura levando o Velho João, aquele que um dia apareceu chorando lá pras bandas do Ribeirão.
Dizem que a vassoura voou por todo o Ribeirão da Ilha de Santa Catarina, com o Velho todo desengonçado na sua garupa. Os dois foram até o Centro da antiga Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, e lá das alturas, sobre a velha figueira da Praça XV de Novembro, Velho João viu um bando de crianças em círculo e no meio delas estavam alguns palhaços se apresentavam com suas palhaçadas e as suas estripulias. Eles cantavam, tocavam seus instrumentos musicais e dançavam freneticamente. E a criançada ria, aplaudia e gargalhava.
Lá das alturas, Velho João, ainda tonto e sem prática de voo sobre vassouras, caiu bem no meio dos palhaços e suas travessuras. Foi então, que a plateia riu mais ainda ao pensar que aquilo fizesse parte da palhaçada.
Velho João, que de bobo não tinha nada, saiu dançando feito criança. E, entre o riso da gurizada, ele pulou no meio da roda e dos palhaços e dançou feito criança. Envolvido nesse mágico momento, ele até esqueceu das dores nos joelhos e nas suas costas arcadas pelo tempo. Seus cabelos ralos, pareciam fios dourados banhados pela luz do sol. Parecia estar além dessa noite arrepiante.
Depois de muito pular, cantar e dançar, Velho João sentiu uma saudade louca de seu travesseiro, o seu maior companheiro. Enquanto isso, lá escondida atrás da "velha figueira", a vassoura matreira, ao ver a alegria estampada no semblante da gurizada, beliscou um fiapo de suas palhas e matutou:
- Ah... Velho João, Velho João, chega de brincadeiras... Nunca vi dentro de uma só pessoa tanta felicidade! Meu menino é hora de parar com essas travessuras e voltar para casa. É por isso que...
E mal a vassoura acabou de matutar, saiu em disparada e se meteu entre as pernas do Velho João. E os dois voaram de volta lá para a praia do Ribeirão.
De repente, em casa, Velho João se viu embaixo do colchão, com seu pijama listrado e todo amarrotado. Assustado e agarrado ao velho travesseiro, o seu maior companheiro, o velho matreiro sussurrou de si para consigo:
- Velho João, velho João o que que é isso homem? Já sei, continuou ele - devo tá sonhando demais. Deve ter sido aquela feijoada cheia de gostosuras. E foi coçando a velha careca que Velho João sentiu um arrepio acompanhado de um calafrio que abraçou o seu corpo enrugado. Nesse momento arrepiante, ele segurou o "brebe" e o apertou bem forte ao peito e falando alto, dizendo:
- Jesus, Maria, José... Protejam-me! Amanhã é dia de levantar antes das galinhas e preparar as minhas ervas pra benzer as crianças e quebrar os maus olhados, as arcas caídas... E à noite ainda quero pescar umas tainhotas bem gordas, pra comer com "pirão de nalho". Esse "conduto" não vai me dar pesadelo. E, nesse exato instante, a janela do quarto se abriu deixando entrar casa adentro uma ventania com cheiro de maresia misturada com enxofre.
Era o Vento Sul que varria tudo o que via pela frente.
Além do vento algo puxou a barra do pijama de Velho João, que imediatamente, num só pulo, enfiou-se embaixo do colchão. E, lá fora da casa, uma voz dizia alto e em bom tom:
- Velho João, Velho João... Agora ouve tua mãe, aquela te deixou nascer lá no meio do milharal da praia do Ribeirão... Dizi ax fofoquera, que éx fio de bruxa, maix não liga não mô fio, i durma im pax qui eu também ti proteju!!! Purissu tu nunca caisse da vassora quandu avuavax cum ela, ti alembra? I óia qui mi dessi um monti de netu bem bunitu, vissi? Ahahahaha...
E essa risada ficou para sempre na cabeça do Velho João, o filho da bruxa. E sua história ficou na memória de algumas pessoas de sua família, lá do Sertão do Ribeirão da Ilha da Magia de Santa Catarina.
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Autoria de Claudete Terezinha da Mata. Conto que faz parte da sua vivência e elaborado textualmente, em 2007, após ter participado do curso de formação de contador de histórias pelo SESC/Prainha, com Cléo Busatto - história narrada nesta data na Feira do Livro em Palhoça/SC, num jogo de improviso com a escritora Inês Carmelita Lohn. Querido leitor, tenho o hábito de escrever este conto depois de cada apresentação, uma forma de preservar as minhas vivências na Ilha onde nasci, fui criada e educada, aprendi a andar, tive meus dois filhos e onde me tornei uma contadora de histórias e escritora da memória. Um dia ainda conseguirei editar este meu conto.
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A benzedura feita nesta criação é considerada um "responso" que faz parte das orações populares rezadas aos santos para que nenhum mal nos aconteça e também para que possamos encontrar coisas extraviadas ou perdidas. Mas a que sempre rezo nas contações de histórias é outra porque ainda não consegui memorizar esta. O "brebe" é um saquinho com ervas bentas, feito pelas benzedeiras que colocam no pescoço das pessoas como um amuleto de proteção. O pirão de nalho, de origem indígena e mantido pelos açorianos, é o conhecido pirão feito farinha de mandioca e água fervente para deixá-lo bem escaldado. Os antigos também faziam o pirão de pinto que era feito com a mesma farinha e água fria. Eles também faziam pirão de café fervido para comer com peixe frito e outros condutos (berbigão, peixe, camarão e carne seca, todos ensopados sobre o pirão).
Endereço do Filho da Bruxa: Casa de madeira a beira do Ribeirão, coberta de musgos, sem pintura, com um velho a espiar e uma velha a gargalhar: "Ahahah..."
Autoria textual: Claudete T. da Mata
Acabei de retirar as fotos com a escritora Inês Carmelita Lohn que ligou para mim de madrugada e exigiu que eu retirasse o conto e as fotos do blog, porque ela não me autorizou a postá-los. Sendo o conto de minha autoria, retirei as fotos com ela e deixei meu coto que foi usado na Feira do Livro de Palhoça, num jogo de improviso a convite da escritora Inês. Aceitei a brincadeira e ao chegar em casa, organizei mais uma vez o meu conto e postei para que todos possam ler e se divertir um pouco. (Claudete T. da Mata)
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