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sábado, 14 de maio de 2011

O CASAMENTO DA BARATA


Releitura: Claudete T. da Mata

Certa vez uma barata que passava o tempo limpando a casa, varrendo daqui e dali, ouviu um barulho estranho, e não é que a danada da barata encontrou uma moeda de ouro?

Sem acreditar no que vira, Dona Barata gritou:

__Viva! Viva! Estou rica, rica! Riquíssima! Agora sim, posso casar com alguém importante!

Dona Barata, queria ter vida boa, mas antes precisaria realizar um sonho: Casar o mais rápido possível, com um sujeito elegante, bonito...

Decidida como sempre, a nova ricaça, foi ao melhor cabeleireiro da cidade, ajeitou a carapuça e colocou um laçarote vermelho no cabelo. Depois foi às compras, levando para casa um vestido preto, de rainha, comprido com longa calda, todo crivado de pedrinhas.

Depois das compras, Dona Barata pegou o restante do dinheiro e guardou numa caixa a sete chaves. Certa de que seu tesouro estaria bem guardado, ela foi para a janela e cantarolou bem alto, para que todos a ouvissem:

“Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fitas no cabelo e dinheiro na caixinha?”

Bem longe dali, um rato espertalhão, ouvindo a tal cantoria, se pôs a imaginar o tamanho do tesouro da Dona Barata:

__ Este tesouro deve ser uma belezura daquelas, caso contrário, por quê a Dona Barata estaria assim toda feliz, dando uma de cantora?

Pensando assim, o rato saiu da toca, correndo, até a casa da Dona Barata, e aos berros respondendo:

__ Eu caso! Eu caso! Pode contar comigo.

Acontece que o rato, além de pequeno, tinha uma vozinha muito fraca, tão fraca quanto o piado de um pinto. Tanto, que a Dona Barata nem conseguiu ouvi-lo.

Nisto, chegou o cachorro se coçando todo, com o latido forte e rouco, dizendo:

__ Au! Au! Au! Eu caso! Au! Au! Au! Eu caso!

Dona Barata, assustada com o latido do cachorro, foi logo respondendo:

__ Nada disso, com você não caso não, mas nem pintado de ouro! Com esta barulheira toda, como poderei dormir? Isso, sem falar nessa coceira toda. Eu, nem pensar!

Humilhado, lá se foi o cachorro com o rabo entre as pernas.

O rato, vendo no que deu a resposta da Dona Barata ao cachorro, insistiu outra vez:

__ Eu aceito casar com você!

Mas... O elefante grandalhão, pulou na frente do rato, falando com o seu vozeirão:

__ Eu aceito! Sempre achei você um encanto.

Dona Barata, estremecida de medo, e quase surda de tanto barulho, respondeu o mais alto que pode:

__ Ta louco! Com você não caso não. Veja o tamanho do seu nariz...? Imagine só, na primeira inspiração, dormindo do seu lado, serei inspirada pulmão adentro. Nem é bom pensar... Comigo não! Vá, vá, vá...!

Dona Barata se benzeu, e o elefante, desesperançado, foi embora o pobre coitado.

E lá veio o rato, pensando novamente:

__ Dessa vez eu não desisto!

Mas... O gato-do-mato, pulou na frente do rato, milando:

__ Miau! Miau! Miau! Eu caso!

Dona Barata, tampando os ouvidos, assustada com o zunido, respondeu:

__ Não, você não! Veja sua voz quase arrebentou os meus tímpanos!

Ouvindo isso, o gato-do-mato, desanimado, num único pulo, foi embora acabrunhado.

E atrás gato-do-mato, veio o papagaio todo animado:

__ Case comigo! Case Comigo! Case Comigo!

Dona Barata, se agradando da melodia papagaiesca, foi logo pedindo:

__ Gostei! Agora mostre-me o que você mais gosta de fazer!

O papagaio todo faceiro, estufou o peito, arrepiou suas penas, mostrando o que ele mais gostava de fazer:

__ Papagaio Louro! Louro! Louro! Papagaio Louro! Louro!  Louro...!

O papagaio parecia mais um CD arranhado. E Dona Barata, atordoada, no meio daquela repetição, gritou o mais alto que pode, interrompendo o fanfarrão:

__ Eu desisto! Pra mim você não serve. Só imagino você na nossa lua de mel, falando desse jeito sem parar. Não! Não! Não! Comigo nem pensar!

Nisso, vieram outros animais (O cavalo, o boi, o leão, o leopardo, o porco, o zangão, e até o galo garnisé) E a todos, Dona Barata respondeu alto e de bom tom:

__ Me desculpem, não suporto roncos, mugidos, nem relinchos, tenho medo de gritos e zunidos...! Saiam todos daqui. Andem, andem!

Atordoada, quase desistindo da procura, Dona Barata continuou a cantar debruçada na janela, pobre donzela:

“Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fitas no cabelo e dinheiro na caixinha?”

E ali cantarolando, debruçada na janela, Dona Barata percebeu a presença do rato, todo estafado e tonto de tanto gritar:

__ Eu aqui! Eu aqui! Eu caso! Eu caso!

Ela respondeu, ofegante:

__ Ufa! Finalmente encontrei alguém que não me põe medo E ele é bonitão! Agora sim, eu caso!

E tomada pela euforia, a Dona Barata foi cuidar dos preparativos do casório mais badalado daquele lugar, com tudo cheio de enfeites, todos com roupas novas e muita comilança, a parte da história que o rato mais gostou:

Um panelão de feijão, cheio de costelas, rabos, pés e orelhas de porco, fervendo a todo vapor, deixou o rato zonzo. E bem ali, na frente do panelão, o rato se pôs a esperar..., Parecendo uma eternidade.

O rato, seco de fome, ao ver que a cozinheira saiu para pegar tempero, sentindo o gosto do cheiro, aproveitou para experimentar o gostoso feijoeiro:

__ É agora que darei aquela provadinha! Só uma pela beirinha... E só uma provadinha não fará falta a ninguém! Eheheheh...

E o rato pulando na beira do panelão, todo ansioso, sussurrou:

__ Hum... Vou pegar só aquele rabinho ali... Aquele olhando pra mim. Ele parece delicioso...! E, além disso, aposto que ninguém irá notar a sua falta! Vem rabinha! Vem rabinho...

Pobre rato guloso, distraído e malandro, que sem se dar conta da fervura do panelão, pendurou-se na sua beirada, e mergulhou no feijão.

A cozinheira voltou com as mãos cheias de temperos, jogando no panelão. E com uma colher de pau, ela mexeu o feijão.
Depois da feijoada pronta, sem saber do acontecido, os convidados foram servidos com pedaços do bichinho.

Foi assim que o rato, conhecido por senhor ratão, levado pela gula, teve morte instantânea na panela de feijão.

Pobre da Dona Barata, sem saber do ocorrido, viu no seu futuro marido, o
falecido, um safado fugitivo.

Mais triste ainda em ver seu casamento perdido, e toda aquela festança, Dona Barata lamenta ter enchido a pança da vizinhança.

Mas no dia seguinte, decidida como sempre, Dona Barata abre as azas, se debruça na janela e recomeçar a cantoria:

“Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fitas no cabelo e dinheiro na caixinha?”


terça-feira, 10 de maio de 2011

"SEI QUE NADA SEI"

Autoria: Claudete T. da Mata

Pressinto coisas, bem antes de elas acontecerem,
Vejo futuros acontecimentos como num piscar de olhos...
Nesses momentos, me sinto fora de órbita,
E vejo tudo com mais clareza.
Parecendo sonho
E até criação da mente.

Depois de algum tempo,
Questão de horas, minutos, segundos...
Tudo acontece,
Todos vêem e continuam não acreditando no que ouviram momentos antes.

Confesso que fico, também, sem saber o que fazer...
Se contar ou não, o que vejo e pré-sinto, a alguém.
É uma sensação forte,
Que domina meus sentimentos,
Minha razão.
Chega a doer, por isso, pergunto:
__ O que fazer?

Dizem que isso é coisa de bruxa.
Será que Deus aprova esta forma de pensar?

Não tenho livro de magias, nem varinhas de condão, muito menos caldeirão.
Não saio por aí voando numa vassoura, pelo espaço sideral,
Tenho corpo e mente de gente normal,

Minha mente é viajante!
Visita lugares, pessoas...
Seres diferentes,
Cada qual com suas histórias, filosofias, ciências...
Sua própria natureza!

Aprendi a guardar muito do que vejo e pré-sinto,
Só pra mim.
Mas isso me enfada por inteira!

Certa vez, dividi esta realidade com um amigo.
Contei-lhe tudo num desabafo...
Querem saber o ele me disse:

__ Vejo em você, um “ser especial..."
Tens uma facilidade de irradiar uma energia
Que contagia tudo ao teu redor.
Isto, eu conheço faz tempo - é “Dom”.
Então, por que não usar esta energia na prevenção das coisas ruins,
Da dor alheia, de muitas outras coisas.
E olha menina... Eu sei o que digo.
Só não sei se você sabe de tudo isso!

Diante do que ouvi,
Só me restou acreditar,
Pois quando me vejo em transe,
Vendo coisas que poderão acontecer,
E eu sem nada poder fazer...

Confesso: fico sem chão!
E tudo o que eu quero nessas  horas,
É poder  sair de onde estou.

Mas esta já é outra questão.
Mudar  o que ainda não aconteceu,
É competência de Deus!

Meu jeito de agradar as pessoas,
Não é nada proposital,
É natural.

Se não soubermos olhar o próximo,
Conversar com alguém,
Doar um pouco do nosso tempo,
Saber e aprender a amar...
Porque e para que estaríamos neste mundo?
Qual seria o objetivo de tudo o que somos e o fazemos?

Procuro tratar bem os meus semelhantes, os animais, as plantas...
E até os restos chamados lixo.
Lixo polui porque não somos capazes de dar a ele uma nova função.

Às vezes me vejo fazendo fofoca com alguém,
Mas é do tipo que não ofende,
Que faz rir...
Que não maltrata ninguém.
Ainda bem!

Tenho minhas fraquezas,
Sinto dores físicas e da alma.
Sou humana!

Com todas as porções mágicas
Fornecidas pela mãe natureza,
Eu curo minhas dores e meus maus humores.

Meu riso é capaz de fazer-te rir de mim e de ti.
Meu riso, dizem que parece um jorrar de alegria que contagia...
Minha cara séria,
Dizem que faz de mim uma pessoa austera.

Pensando assim, as pessoas me obrigam,
Estar sempre sorrindo.

Não posso desejar nada de ruim a alguém,
Porque acontece.
Assim, sempre procuro desejar o bem.
Meus desejos sempre se realizam,
Não me perguntem por quê?


Não estou rica, porque estou satisfeita com a vida que tenho.
Tenho boa saúde, uma mãe maravilhosa.
Tenho filhos carinhosos, saudáveis, trabalhadores, amigos...
Tive um irmão que sempre me amou,
Mas que partiu primeiro para o “Além”...
Meu MANO, meu grande AMIGO!

Tenho ótimas irmãs, das quais cuidei desde que as vi nascer.
Estudei, fiz faculdade, Especialização e Mestrado.

Não fiz Doutorado, porque a mãe natureza é minha escola maior.
Nesta escola, tenho um Professor Especial:
O Pai da Criação
DEUS!

Em certa ocasião, no Rio Grande do Sul,
Dando uma palestra para educadores,
Caminhei na direção de uma jovem,
Coloquei minha mão direita sobre a cabeça dela,
E enquanto eu falava,
Interrompi a dor que a atormentava,
Sem perder o fio da meada.
Assim, sendo útil a alguém,
Eu estava!

No dia seguinte, a jovem veio até mim e falou:
"Ontem, a senhora me curou!"

Sei que tenho forças emanadas do além.
Protejo e tenho proteção,
Cuido, amo, educo
Fazendo o bem sem olhar a quem.
Sou uma sobrevivente!

Sou filha de Deus passando uns tempos na Terra,
Minha grande Escola...
Minha vassoura e minha varinha mágica,
Resumindo, é minha mente.

Aprendi muito
Assim como ainda tenho muito a aprender.

Uma das coisas que aprendi, lendo o Livro Sagrado,
E que não esqueci, foi que:

“A Mulher sábia edifica a sua casa!”
(Provérbios de Salomão, capítulo 14 versículo 1)

Sei que esta casa, pode ser
A casa da mente, do coração...
E também a casa material,
Aquela que nos abriga todos os dias!

O SONHO - A CURA E A CIRURGIA

Autoria: Claudete T. da Mata

     Ali eu estava, mergulhada no cerne das minhas memórias, à procura de uma resposta, no intuito de entender o que estaria acontecendo comigo - por que tantos problemas com meu corpo? Seria o meu psicológico o causador de tantos sofrimentos?
     Sentada numa pastagem crivada das mais belas flores silvestres, a refletir sobre cada imagem que fluia de minha mente. De repente, olhei o céu e vi outras imagens que se fundiam como o meu pensamento conturbado...
     Neste estágio, vi a aconchegante pastagem invadida por criaturas querendo me levar dalí. Após alguns minutos de puro raciocínio, coloquei meu plano de fuga em prática. Finalmente consegui fugir daquele bando de sanguessugas, que tentava desviar meus pensamentos, minhas esperanças e minhas certezas... 
     Foi uma longa batalha, entre saltos, gemidos e gritos que ecoavam por todos os cantos do mundo,  até  que, mergulhada nesta experiência, adormeci sem sentir.
     Ao sair da massa corpórea, vivi a mais bela de todas as vivências ao abrir os braços e bater azas, voando com a mesma liberdade dos pássaros que voam livres das grades que engaiolam muitos deles.
     Chegando em outro ambiente, plainei até pisar na terra firme. Foi então que senti um calafrio subindo pelas pontas dos dedos dos pés, tomando todo o meu corpo. Sentindo um frio gélido, percebi um vulto passar rapidamente atrás de mim.
     Movida pela adrenalina, virei-me para trás na tentativa de ver o que estava acontecendo. E para minha surpresa, como num passo de mágica, estava em minha volta um bando de criaturas famintas pelo néctar que me sustentava a vida - "A Força Criadora", que me dá coragem e me faz vencer todos os obstáculos físico e mentais, marcados em minha existência.
     Confesso que senti a fragilidade tomar conta de mim, sem ninguém para me proteger nesta luta contra aquelas criaturas escondidas em corpos horripilantes (uns completamente deformados, outros cegos tateando, alguns mudos aos urros, uns  sem pernas arrastando-se que nem cobras, e outros sem braços maldizendo a própria condição, na tentativa de colocar a culpa das suas falhas em alguém...). Penso ter passado pelo umbral, o tão conhecido e divulgado "Purgatório Bíblico".
     No meio das vibrações imanadas por aquelas criaturas, não percebi um sussurro que dizia nos meus ouvidos: 

     __Filha, voe bem alto, o mais alto que puderes. Não tenhas medo, acredite...  Serei tuas azas!

     Sem entender o misterioso sussurro, atormentada pelo tumulto causado pelas estranhas criaturas, suspirei profundamente. E num rápido impulso extracorpóreo, alcei vôo. Foi o vôo mais alto de todos, foi aquele que me levou ao outro lado da Terra, parecendo os confins do mundo. 
     Passei por uma terra vermelha, da cor do Sol, repleta de plantas de todas as cores, pedras de todos os tamanhos e forma, montanhas verdejantes e um "Ser" delicado e falante - Era uma anciã da idade da Terra, menor que uma menina de cinco anos. Seus cabelos eram mais brancos que a neve e tão longos quanto os raios do Sol bailando sobre o infinito, com a leveza da brisa que toca nosso rosto. 

     Tudo nesta anciã, era de fascinar e de assombrar ao mesmo tempo. Seu olhar penetrava com profundidade o meu olhar. O toque de suas mãos estava no mesmo patamar de seu olhar. Ela não tocava o chão, levitava.

     Então pensei: __ Será ela uma fada coberta pelas linhas do tempo, as quais ignoramos e chamamos de rugas. Neste momento, pude experimentar o seu toque que me deixou estática.

     A misteriosa anciã, durante três dias e três noites, cavou o chão com suas mãos ossudas, até as profundezas da Terra, extraindo da sua cerne o barro mais nobre, que numa espécie de ritual, colocou-o sobre meu pescoço. 


     Eu, que até então nada entendi o que se passava, me entreguei às mãos desta mulher, que na terceira e ultima aplicação do barro, me pediu que a colocasse sobre o topo de uma pedra, próxima à subida de uma montanha. 
     E lá de cima, a misteriosa anciã colocou as suas mãos enrugadas sobre minha cabeça,  emanando uma energia que banhou todo o meu "Ser". Em seguida, ela subiu a montanha saltitando com a velocidade de um "Ser Celestial" e sumiu.

     Finalmente, acordei no centro cirúrgico sendo conduzida à sala de recuperação, onde me vi agradecendo a Deus por ter sobrevivido mais uma vez.
     A cirurgia foi um sucesso. Eu estava curada!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

MULHER CELTA - UMA ARTESÃ DA ILHA DE SANTA CATARINA

Autoria: Claudete T. da Mata
Psicopedagoga, Contadora de Histórias, Bonequeira e Atriz.

Há 13 anos atrás, uma jovem senhora, conhecedora da "Alquimia Modena", teve um sonho onde se viu criando e recriando o mundo ao seu redor, com materiais muito simples, coisas que podem ser encontradas em qualquer lugar, principalmente nas lixeiras das casa, dos edifícios... No lixão mais próximo.

Ao acordar, esta senhora já não era mais a mesma. Sua cabeça trabalhou, praticamente, uma noite inteira, imaginando um pouco de tudo o que ela poderia fazer com os objetos descartados, sem utilidades para seus antigos donos. Ainda bem que ela acordou dessa noite inequecível... Foi fazer sua higiene matutina, tomar o primeiro café do dia (ela tomava muitos cafézinho), chamou o marido e falou:

__ Querido, hoje o dia promete... Tive um sonho muito importante e não posso perdê-lo, por isso, hoje não poderei fazer o almoço, nem coisa algum, somente o que me foi mostarado nessa noite. Sente-se que vou te contar o que aconteceu.

O maridão, como sempre, sentou pra ouvir as boas novas da criativa esposa. Após contar tudo nos mínimos detalhes ao companheiro, a jovem senhora lhe perguntou com aquele jeitinho todo especial:

__ Hoje, você faz o almoço pra mim?

__ Claro que faço!

__ Cuida das crianças, também? Você sabe, assim que me sentar para fazer tudo o que está aqui dentro de minha cabeça, posso esquecer de fazer as coisas de casa.

__ Vá, ande logo..., antes que tudo o que está nesta cabecinho se evapore! Eheheheh....

A jovem senhora beijou carinhosamente o esposo, e saiu correndo ao encontro do novo mundo que acabara de se abrir para ela. O dia foi cheio na vida deste casal, que a partir daí, a mulher nunca mais parou de procurar coisas usadas, velhas e descartadas, com as quais ela criou maravilhas. E o marido nunca mais teve sossego, tendo que cozinhar todos dias.

O tempo foi passando muito rápido na vida do casal, onde tudo foi acontecendo do jeito que a jovem senhora ia imaginando. Com garrafas PET,  ela fazia formas figurativas (bonecos, animais, brinquedos e jogos educativos, amuletos...), tudo o que se possa imaginar. Suas mãos pareciam mágicas... Com folhas de jornais, revistas, etc. e outros objetos (garrafas, caixas, potes plásticos, fita crepe (o único máterial não reciclável), cola caseira (grude de farinha de trigo velho), tintas de todas as marcas (recicladas) e muita imaginação), a misteriosa mulher fazia tudo o que queria.

Assim, a jovem senhora que nunca aparentava a idade que tinha, passou a ser conhecida, no século atual, como "Bruxa da Mata - A Mulher Celta", que nascera numa noite de lua cheia, "Dia de Sto Antônio", numa pacata cidade, cercado de matas e pelo mar, no tempo em que o tempo levava muito tempo pra passar. Tempo em que os vizinhos se conheciam, se falavam debruçados(as) nas janelas de suas casas à beira mar, saiam de casa para os seus afazeres, deixando portas e janelas abertas, roupas no varal de arames enfarpados - sem medo de serem roubados e nem agredidos.

A cidade, mais tarde conhecida pela sua beleza e magia, atraiu pessoas de todas as partes do país e do mundo. A cidade cresceu em nome do progresso e o sosego dos ilhéus acabou. Mas a Mulher Celta, continua firme no seu laboratório.


Esta mulher arranja tempo pra tudo... Para criar, acariciar os filhos, o marido, os seus animais de estimação, dar atenção à sua mãe que ainda vive, às irmãs...

A Mulher Celta não nasceu num berço de ouro. Nasceu numa família simples, onde mulher precisava somente de algumas coisas: aprender a escrever o seu nome, casar virgem e novinha (se passasse dos 18, entrava para a lista das prováveis solteironas), cozinhar, cuidar da casa, do marido e da educação dos filhos, e aprender a fazer renda e bordar...

Mas com esta mulher, tudo foi diferente, pois, ela foi contrar todas as tradições da época. Abandonou a escola aos 12 anos, aos 24 anos retornou aos estudos, fez faculdade, casou aos 31 anos com um viúvo (seu grande companheiro), teve um casal de filhos, se tornou uma profissional respeitada..., fez e ainda continua fazendo, sua caminhada por vontade própria.

E o maridão nunca mais teve sossego, tendo que cozinhar todos os dias, porque a sua companheira sempre arranja o que fazer, ou, se não arranja, inventar, criando e recriando o mundo ao seu redor.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS - HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA

ARTIGO PSICOPEDAGÓGICO

Autoria: Claudete Terezinha da Mata
Psicopedagoga Clínica e Institucional



Desde a antigüidade, brinquedos e brincadeiras estão presentes na vida das crianças. Conforme relato de Ariès (1981), “...graças ao diário do médico Heroard, podemos imaginar como era a vida de uma criança (...), como eram suas brincadeiras, e a que etapas de seu desenvolvimento fisico e mental cada uma delas respondia...” (p. 82), no Século XVII.

Um grande exemplo pesquisado por Ariès, é o caso de Delfim de França, o futuro Luís XIII, uma criança que recebia o mesmo tratamento dado às outras crianças, fossem legítimas ou bastardas. Segundo os registros do médico acima citado, na infância, Delfim com um ano e cinco meses, tocava violino (quando o violino ainda era um instrumento nobre – rebeca – que acompanhava as grandes festas da Corte) e cantava ao mesmo tempo,  tocava tambor com toques diversificados, brincava com brinquedos conhecidos como o cata-vento, o cavalinho de pau e o pião, e jogava críquete ou golfe. 


Aos dois anos, Delfim dançava todos os tipos de dança, ao som do violino, uma precocidade da dança e da música, muito presente na educação dos meninos desse tempo, o que chamaríamos, na sociedade atual, de criança-prodígio. Quando se recusava a comer era surrado. Aos dois anos e sete meses, embora cantasse e dançasse com os adultos, Delfim também brincava com seus brinquedos infantis como uma pequena carruagem cheia de bonecas, que ganhou de presente.

Aos três anos, Delfim ainda brincava com suas bonecas e outros brinquedos de sua preferência, recortava papel, gostava de ouvir histórias (fábulas) contadas pelos adultos e brincava de rimas destinadas ao público infantil. De quatro a seis anos, além de brincar com bonecas, Delfim já praticava jogos na companhia dos adultos como: cartas, xadrez, “... jogo de raquetes e inúmeros jogos de salão” (Ariès, 1981, p. 86). Quando não brincava com o soldados, brincava de bater palmas, de esconder, de mímica e de adivinhação com os pajens.
 

Gradativamente, Delfim ia sendo introduzido no universo dos adultos. Quando completou sete anos, Delfim deixou seus trajes de criança e foi entregue aos cuidados dos homens, que tentaram   “fazê-lo abandonar os brinquedos da primeira infância, essencialmente as brincadeiras de bonecas: “Não deveis mais brincar com esses brinquedinhos (os brinquedos alemães), nem brincar de carreteiro: agora sois um menino grande, não sois mais criança”. Ele começa a aprender a montar a cavalo, a atirar e a caçar. Joga jogos de azar: (...)”. (Ariès, 1981, p. 87).

O Século XVII deixou várias marcas na história social da criança; uma delas foi o fato da criança ser levada a deixar de ser criança ao completar seu sétimo aniversário; no caso dos meninos, neste estágio, lhes eram delegadas responsabilidades de adultos, conforme fixava a “literatura moralista e pedagógica desse século”. 


Ao completar sete anos, conforme a situação de cada família, as crianças eram levadas para a escola ou para o trabalho. No caso de Delfim, embora não  brincasse com a mesma freqüência de antes, menos com bonecas, se divertindo com os mesmos jogos na sua vivência com os adultos, ainda continuava sendo surrado como em sua infância. 

Estes registros esclarecem que não havia, por parte das crianças, a idéia de imitar os adultos, mas sim uma busca da representação do mundo real.
 

Estas foram as situações vividas pelas crianças, quando os adultos da sociedade arcaica ainda não tinham a mesma clareza que se tem nos dias atuais, sobre o significado de infância.
 

Na sociedade atual, de acordo com Arroyo (1994): “... a infância não existe como categoria estática, como algo sempre igual. A infância é algo que está em permanente construção”.  

Em síntese, a presente referência objetiva clarear a concepção de infância no Século XX.

BIBLIOGRAFIA:
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

HABILIDADES BÁSICAS PEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

ARTIGO PSICOPEDAGÓGICO

Claudete Terezinha da Mata
Psicopedagoga Clínica e Institucional

Breves considerações sobre transtornos de habilidades acadêmicas no cotidiano escolar, quando o não aprender bloqueia a aprendizagem do sujeito.

Vários estudos têm nos mostrado que nos últimos anos, o atendimento psicopedagógico às crianças e adolescentes, em idade escolar, com histórico de dificuldades de aprendizagem, vem aumentando significativamente nos últimos tempos.

Quando a busca pelo tratamento especializado chega por parte dos pais, percebe-se que a sugestão parte da escola, mas quando demanda da própria escola, a sugestão é do professor, que por sua vez, corre atrás de um diagnóstico especializado capaz de justificar os problemas exteriorizados no cotidiano das suas práticas pedagógicas.

Isto prova que muitos professores procuram justificar-se, buscando (des) culpas, dizendo que a culpa é:

a) dos pais;       
b) do sistema;    
c) do meio que o cerca; 
d) do(a) professor(a) da série anterior;
e) de herança genética;      
f) da falta de aptidão dos alunos para a leitura e escritura;      
g) da distração do sujeito que aprende;
h) do (des) ajuste de comportamento;    
i)  da má educação familiar...

Em dadas realidades escolares, encontramos professores que elaboram o planejamento pedagógico, com a finalidade apenas de desenvolver os conteúdos curriculares, tudo sem levar em conta o processo de aprendizagem de seus alunos e as suas condições de desenvolvimento das habilidades cognitivas, emocionais, afetivas e sociais.

Desta forma, o trabalho com as diferenças em sala de aula, através da valorização dos alunos e das suas relações com o aprendizado e demais pessoas da comunidade escolar, deixa muito a desejar. E a falta de entendimento que vai além de um mero planejamento conteudista, bem como, as variáveis que se apresentam na sala de aula e fora dela, contribuem com a criação dos transtornos das habilidades pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem, ficando o professor sem saber o fazer.

Neste contexto, muitos professores demandam sua atenção, voltando-se para aqueles alunos sem problemas de dificuldades no processo de aprendizagem, tendo em vista, que para esses professores, o mais importante é dar atenção aos alunos que sabem mais, sem desperdício de tempo com aqueles considerados perdidos no mundo da lua, incluídos na lista das (des) culpas.

Caracterizando as habilidades básicas pedagógicas, umas das causas responsáveis pelas dificuldades escolares, têm a falta de estimulação adequada nos pré-requisitos necessários à aprendizagem de sucesso dos alunos, desde o processo de alfabetização.

De acordo com os estudos piagetianos, as habilidades para o aprendizado da leitura e escritura não se dá de forma espontânea e contínua. Para tanto, há necessidade de estímulos e mediação, de acordo com a fase de desenvolvimento da criança, desde o período pré-operatório e demais fases. Observa-se que para o bom desempenho dessas habilidades, se faz necessário o trabalho de qualidade das seguintes estruturas:

* Imagem Corporal: Implica no conhecimento adequado do corpo como ponto de referência para a aprendizagem de conceitos básicos indispensáveis para a alfabetização, tais como: Em cima, em baixo, na frente, atrás, esquerda, direita, alto, baixo, gordo, magro...

É através do próprio corpo que a criança vai interagindo com o mundo que a cerca. Assim, a criança que não consegue desenvolver a imagem corporal, poderá apresentar transtornos de orientação espacial, resultando nas dificuldades de se locomover em determinado espaço, faltando-lhe equilíbrio postural.

* Lateralidade: Pressupõe o uso preferencial de um lado do corpo (direito ou esquerdo), tais como: a) Destro (utiliza a parte direita); b) Canhota ou Sinistra (utiliza a parte esquerda); c) Lateralidade Indefinida (quando o sujeito usa um ou outro lado do corpo sem distinções (ambidestro); d) Lateralidade Cruzada: pé e mão opostos (direito com esquerdo e esquerdo com direito).

Em termos de aprendizagem, a criança com lateralidade indefinida refere-se ao tipo de grafia, resultando na dificuldade de orientação espacial e posturas inadequadas para a escritura, ou seja, as duas ultimas irão interferir diretamente no processo gráfico da criança.

* Conhecimento da Direita e Esquerda: Conceito de grande importância para o processo de alfabetização. Está ligado diretamente ao conceito de imagem corporal e lateralidade, permitindo que a criança diferencie o lado esquerdo do lado direito, não somente em si, mas também no outro e nos objetos.

Sendo assim, ao Iniciar o processo de aprendizagem da leitura e da escritura, sem a compreensão dos conceitos de lateralidade, pode implicar em confusões na orientação espacial, levando a criança a apresentar dificuldades em discriminar letras que se diferem quanto a sua posição espacial, por exemplo: b – d, p – q. Observa-se que outra dificuldade apresentada é o aparecimento da escrita espelhada.

* Orientação Espacial: Está relacionada com a visão. Neste processo é necessário fazer a diferenciação “entre posição no espaço e relações espaciais”, ou seja:
- A posição espacial é quando a criança percebe a posição dos objetos, utilizando como ponto de referência o próprio corpo. Desta forma, ela passa a compreender e assimilar todos os conceitos relacionados a posição espacial - através, frente, direito e esquerdo...

- As relações espaciais: a criança é capaz de perceber a posição dos objetos, não só em relação ao seu corpo, mas também com relação aos outros objetos. Para a aquisição deste conceito, a criança num primeiro momento, precisa adquirir o conceito de posição espacial.

Ao iniciar o processo de alfabetização sem o domínio destes dois conceitos (posição e relação espacial), a criança passará a confundir letras que diferem quanto à orientação espacial, apresentando dificuldades em respeitar a ordem das letras nas palavras e das palavras nas frases. Também pode apresentar incapacidade de locomover o globo ocular durante a leitura (movimento do vai e vem), não respeitando os limites do espaço geográfico (linhas e margens) da folha, caracterizando dificuldades de organização, como: esbarrar nos objetos e nas pessoas (falta de percepção de obstáculos) e indecisão ao tomar direções em seus percursos.

* Orientação Temporal: Relaciona-se com a audição. A criança necessita apreender e discriminar a duração e sucessão de sons e dominar conceitos, como: ontem, hoje, amanhã, dias da semana, meses, anos, horas, estações do ano, etc. Com estes conceitos a criança para a se orientar no tempo, durante a realização de suas atividades escolares, etc.

A ausência destes conceitos pode causar dificuldades na pronúncia e na escritura, trocando a ordem das letras ou invertendo-as, resultando na dificuldade de retenção de uma série de palavras dentro de uma frase ou idéias de uma história, e na má utilização dos tempos verbais, um problema de correspondência de sons com letras, especialmente em ditados.

* Ritmo: Sua importância de ser trabalhado na fase pré-escolar e nas séries iniciais, é de proporcionar às crianças a percepção da ocorrência dos sons e das pausas que dão lugar a pontuação e entonação na escritura. Na sua falta, surge a leitura lenta e silabada, uma características disléxica.

A pontuação e a entonação também são conseqüências de habilidades rítmicas. Na escritura, a dificuldade no ritmo contribui com o não respeito dos espaços em branco entre as palavras, unindo palavras (escrita corrida, sem interrupções); dificuldades no ordenamento das letras dentro das palavras, omitindo ou acrescentando sílabas; falhas na acentuação das palavras.

O processo de aprendizagem e sua organização na Educação Infantil e nos Anos Iniciais relacionam-se diretamente com o desenvolvimento de todas as habilidades básicas pedagógicas, as quais para serem trabalhadas necessitam da competência e do comprometimento do professor no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, cabe à escola se concentrar, não só na sua própria visão de mundo, mas conscientizar-se das diferentes modalidades de aprendizagem e nas habilidades pedagógicas trabalhadas no dia-a-dia em sala de aula.

Refletindo, não podemos negar o fato de que as crianças são controladas pelos estímulos do ambiente externo. Assim, de acordo com a teoria vygotzkiana, as relações entre processo de desenvolvimento e capacidade de aprendizagem, ocorrem através de dois níveis: nível real - desenvolvimento mental da criança ligado ao que ela consegue fazer por si mesma, e o nível potencial - determinado pela solução de problemas sob orientação de companheiros mais habilitados. A distância entre esses dois níveis é chamada de Zona de Desenvolvimento Proximal.

ORIGAMI: UMA NOVA FORMA DE RECRIAR A REALIDADE

ARTIGO PSICOPEDAGÓGICO
Autoria: Claudete Terezinha da Mata
Psicopedagoga Clínica e Institucional

Origami, uma arte japonesa, cuja origem Orikami, significa dobrar papel: ori – dobrar, kami – papel. Quando pronunciadas juntas, a letra “k” é substituída pela letra “g”. O Origami, popularmente conhecida como dobradura, é uma arte japonesa transmitida de geração em geração, a qual desenvolveu-se de forma atraente, se espalhando por vários países do mundo.

Alguns estudiosos afirmam que o Origami é tão antigo quanto a existência da primeira folha de papel obtida na China, aproximadamente há 1800 anos, através da maceração de cascalhos de árvores e restos de tecidos.

“Todo o Origami começa quando pomos as mãos em movimento. Há uma grande diferença entre compreender alguma coisa através da mente e conhecer a mesma coisa através do tato. (Tomoko Fuse).

Quando o papel começou a ser introduzido no Japão, entre os séculos VI e X, pelos monges budistas chineses, o papel era artefato acessível somente à nobreza, já que se tratava de um produto de luxo, utilizado em festas religiosas e na confecção de quimonos.

Historicamente, os japoneses transmitiam as figuras que criavam através da oralidade, que eram passadas de mãe para filha. Assim foram criando a tradição oral de repassar os conhecimentos de geração à geração. Como nenhum desenho havia sido registrado em livros, somente as dobraduras mais simples eram mantidas.

Os primeiros conhecimentos escritos sobre o Origami surgiram a partir de 1797, com a publicação do “Senbazuru Orikata” (Como Dobrar Mil Garças). A partir da fabricação do seu próprio papel, o restante da população do mundo começou a aprimorar a arte do Origami, que foi deixando de ser transmitida somente de pais para filhos a partir de 1880. Anterior a este período histórico, o Origami era conhecido como Orikata.

Registros indicam que os árabes trouxeram o segredo da fabricação do papel para o Norte da África. No século VIII os mouros, povos que habitavam a Mauritânia (África) levaram o segredo do Origami até a Espanha onde começou a ser desenvolvido pelo mundo afora.

A crença dos mouros proibia a criação de qualquer figura simbólica. Desse modo, as dobraduras em papel foram usadas por eles apenas para estudar a geometria representada nas formas dobradas. Com a expulsão dos mouros da Europa, os espanhóis foram além dos desenhos geométricos, e desenvolveram a papiroflexia, uma arte popular desenvolvida até a atualidade na Espanha e na Argentina.

No Japão, os Origamis que representam determinados objetos eram queimados nos rituais funerários, com a intenção de que os espíritos dos falecidos pudessem obter em outras vidas tudo o que almejassem. Assim, cédulas imitando dinheiro, também eram queimadas durante as festas de casamentos, visando trazer prosperidade ao casal.

Para cada maneira de se dobrar papel, há um significado diferente para os orientais. No Japão, o sapo representa o amor, a fertilidade; a tartaruga, vida longa; o tsuru (ave-símbolo do Origami), conhecida por grou ou cegonha significa boa sorte, felicidade e saúde. Diz a lenda japonesa, que, quem conseguir fazer mil tsurus com o pensamento voltado para aquilo que deseja alcançar, obterá ótimos resultados.

Todos os anos, no Japão, no dia seis de agosto, são depositados inúmeros tsurus no mausoléu erguido em homenagem aos que morreram na tragédia de Hiroxima, desejando que isso não venha a se repetir.

Na atualidade podemos encontrar surpreendentes técnicas de dobradura, desenvolvidas por grandes mestres dessa arte milenar.

O Origami possui regras como: trabalhar com folhas de papel quadrado, sem cortes. São regras que podem ser modificadas, já que há inúmeros tipos de dobraduras fora das regras existentes, trazendo simplicidade que evolui, levando o sujeito aos desafios da arte de imaginar e criar modelos diversos.

Segundo Rosa Neto, a arte de dobrar papel desempenha uma função fundamental no desenvolvimento da plasticidade cerebral de crianças, adultos e idosos, trabalhando o campo simbólico e as habilidades criativas, além de contribuir com o desenvolvimento viso motor e psicomotricidade fina e ampla.

Na prática pedagógica, o importante não é ensinar a dobrar papel pela simples ação de dobrar, mas, estimular e desenvolver a criatividade para transformar a realidade do ser que aprende na mediação professor-aluno e aluno-aluno, partindo das formas mais simples a mais complexa, sempre com o objetivo de provocar o campo imaginário do outro, e colocando-o diante dos desafios que lhe permitem o desenvolvimento de estruturas cognitivas, ampliando a capacidade de transformar e recriar o mundo através da arte de dobrar papéis, frente ao fácil x difícil.

Envolvida no campo da Psicopedagogia Clínica e Institucional, venho utilizando a arte de dobrar papéis na terapia psicopedagógica, como técnica de prevenção, tratamento e recuperação dos sujeitos portadores de déficits de aprendizagem, provenientes de inúmeras síndromes, onde tenho obtido ótimos resultados.

“O simples vem acompanhado de profundidade e valo, quando bem elaborado e colocado.
O complexo, quando bem planejado, se torna uma arte inacessível para a maioria.
O mais importante, é que os dois são importantes!
Origami é a arte regida pela geometria eterna e pela inteligência humana.
Também é brinquedo, brincadeira, terapia, jogo...”

Neste processo , o importante é que o encantamento de receber e transformar um pedaço de papel em objetos figurativos, chama o sujeito da aprendizagem à bertura das portas da sua imaginação e capacidade de criação sem limites para dobrar, cortar, colorir, reinventar...

BIBLIOGRAFIA:
ASCHENBACH, M. H. C. V. As Dobraduras de Papelino. Editora Nobel, 1993.





JOGO PEDAGÓGICO


VAMOS CAÇAR URSINHOS?
Autoria: Claudete T. da Mata

1º PASSO: O Educador reúne os educandos em uma grande roda, verbalizando o jogo em ritimos diferentes, provocando a curiosidade, medo, desconfiança, suspense... Até a virada para o final do jogo.
Obs. Ler o jogo e planejar seu encaminhamento antes de levá-lo aos educandos.

2º PASSO: Antes de iniciar o Jogo, conversar com os educandos sobre a importância da concentração e atenção à cada frase falada, devendo eles, repetirem cada uma delas no mesmo ritimo da educadora, reproduzindo (imitando) todos os seus movimentos. Exemplificando: Se a educadora, ao verbalizar a primeira frase do jogo, levantar o braço direito e apontar numa determinada direção, todos deverão fazer o mesmo, ou seja, repetir o que estará sendo verbalizado e os mesmos gestos e respectivas direções, e outros movimentos.


3º PASSO: Ler a Obs. final com atenção e planejamento.

4º PASSO: Iniciar a Ação:


Vamos caçar Ursinhos, vamos? Então vamos...!
Os Ursinhos são tããããão lindinhos...
Todos bem fofinhos!
Cada um tem dois olhos redondinhos.
Eles são peludos...
Têm unhas grandes.
Que ursinhos quentinhos, fofinho...

Vamos caçar Ursinhos, vamos? Então vamos!
vejam láááá..., é uma ponte!
Vamos passar na ponte? Vamos? Então vamos!
Que ponte estreita! Ela balança! Ui, eu vou...!
Ufa! Que ponte!

Vamos caçar Ursinhos, vamos? Então vamos!
Vamos correr, vamos? Então vamos!
Vejam láááá! É um lago!
Vamos atravessar o lago? Então vamos!
Que água fria! Ui... que fria...

Que água gelada... Rsrsrsrsr!
Vamos correr? Então vamos!
Ufa! Que água gelada!

Vamos caçar Ursinhos? Vamos? Então vamos!
Vejam..., está escurecendo! Vamos correr?
Então vamos!

Pessoal! Vejam, é um cano!
Vamos passar pelo cano? Vamos? Então vamos!
Que cano apertado! Ui... Aaaaaaaaai!

Esse cano é muito aaapeeeertaaaadooo...
Ufa..., consegui!

Vamos caçar Ursinhos? Vamos? Então vamos!
Olhem! Lá está a casa do Ursinho!
Obá! Chegamos!

Vamos abrir a porta? Vamos? Então vamos!
Silêncio! Vejam..., são os Ursinhos. Que fofinhos...!
Eles são tão quentinho... E que olhinhos redondinhos...
Que orelhas grandes...

OBS: O Orientador da Brincadeira, aponta para o centro da roda, fixando o olhar num ponto, e solta um berro assustado. Finalizando, o educador, simulando cansaço físico, olha um por um, e "Convida":

Vamos caçar ursinho, vamos?

Certamente, a resposta será: 
__Eu não...!

OBS. Os caçadores deverão passar por todos os obstáculos em ordem crescente e decrescente, a toda velocidade, até chegar ao ponto de partida inicial, encerrando com um abraço universal (coletivo).

TRAVALÍNGUAS, PARLENDAS E BRINCADEIRA DE RODAS

Autoria: Claudete Terezinha da Mata


ORGANIZAÇÃO: Com todos os integrantes de mãos dadas, em círculo, girando ou batendo palmas, no ritmo de cada narrativa, canto ou verso, com estas brincadeiras:

TRAVA-LÍNGUA:

Corri, corri e entrei pela alfândega adentro!

O peito do pé do Pedro é preto...

Um tigre, dois tigres, quatro tigres...

a aranha arranha... Arranha aranha...

O rato rói e o rei reclama...
O rei reclama e o rato rói...

O boi baba... O bebê bebe e baba..

O prato do padre Pedro, é preto...

A mãe do sabiá, não sabia que o sabia sabia assobiar...

A roupa suja, eu sujo a roupa.
Eu sujo a roupa, a roupa suja...

Paca cutia, cutia paca.
Paca cutia na casa da paca.
Cutia, aqui, cutia ali, cutia acolá

Lá vem o saco com sapo dentro,
O sapo pula do saco bem na boca de outro saco.
E a cobra enrolada no saco papou o sapo.

O pinto pia e o gato mia...
O gato mia e o pinto pia lá embaixo da pia.
Na pia da tia, o pinto pia...

Pego a corda, a corda pula.(Bis)
Pula corda no lombo da mula.

RIMAS

A Dona Bela foi pular uma valeta, levou um talho no pé e costurou com linha preta.

O peito do pé do joão tem cheiro de feijão.
E o suvaco do josé tem cheiro de chulé.

Naquela rua mora uma menina, filha da dona Maria, que canta de noite e chora de dia.

Quando eu vou pra Bom Retiro, todo bicho se arrepia...
Mia o gato, canta o galo; o galo canta e o gato mia.

A gazela pulou na janela.

Na casa do João, todo mundo come pão.

A dona cabra, chiclete de onça, o pelo dela não dá pra fazer trança.

PARLENDAS

Menino por que chorar sobre o leite derramada.
Chorando assim desse jeito, você fica engraçado.
Engraçado é o palhaço, que sempre nos traz alegria.
Só não ri das palhaçadas, o filho da dona Maria.

Fui no mercado comprar café,
Veio uma formiga e mordeu o meu pé.
Dei um tapa nela e peguei um pão,
A teimosa da formiga mordeu a minha mão.
Com raiva da formiga,
Amarrei ela pelo pé,
A levei para casa e mergulhei no meu café.
A danada da formiga nem ligou,
Saiu da caneca e se mandou.

A batata quando nasce, se espalha pelo chão.
Toda mãe quando chora põe a mão no coração...
Se pediste um copo d'água,
E ela trouxe na caneca,
É porque você já tem cinturinha de boneca!

Um dois, feijão com arroz,
Três, quatro, feijão no prato,
Cinco, sei, o galo íngles,
Sete, oito, café com biscoito,
Nove, dez, quem pensas que és?

DOMINGO NA PORTA DA VENDA

Hoje é domingo,
Teu pai não é gringo,
Mas vive na esquina fumando cachimbo.
O cachimbo é de ouro,.
Teu pai é valente e bate no touro.
O touro, mais valente, corre atrás da gente.
Como a gente é fraco, cai no buraco.
O buraco é fundo,
Acabou-se tudo.

CADÊ O PÃO?

Cadê o pão que estava aqui?
A galinha comeu!
Cadê a galinha?
Está comendo milho!
Cadê o resto do milho?
Está no celeiro!
Cadê o celeiro?
O padre trancou!
Cadê o padre?
Está rezando a missa!
Cadê a missa?
Acabou.

DONA BRUXA:

Lá no mato tem uma bruxa com seu caldeirão.
Se você for lá, vai virar grãos.
E com muitos grãos, a dona bruxa faz seu pão,
Misturando tudo no caldeirão.

A dona bruxa tem cabelo arrepiado,
Tem também uma coruja com um rabo enrolado.

A coruja da bruxa, tem a cabeça pelada.
Ela é assim, de tanto comer capim.

Capim, não comida de coruja,
Mas quem sabe o que dar à ela,
É a dona bruxa.

Por isto, não vá lá não,
Na casa da dona bruxa, tirar satisfação.

Se você for lá, procure tomar cuidado...
Você pode encotrar a dona bruxa ao lado do caldeirão.
Fazendo o quê?
Passando manteiga no pão!

O Jacaré!

O jacaré foi à cidade, não sabia o que comprar.
Comprou uma cadeirinha pra comadre se sentar.
A comadre se sentou ,
A cadeira se quebrou.
O jacaré arrependido,
Chorou, chorou...
E a comadre toda quebrada, esbravejou:
__ Sai daqui seu esquisito, queres acabar comigo?

 
BRINCADEIRA DE RODA

PASSA ANEL

1º Momento: Com todos os integrantes do jogo em círculo, o coordenador escolhe o passador do anél, que irá para o centro da roda, devendo passar o anel, no sentido relógio (da esquerda pra direita),  até deixar o anel nas mãos de alguém sem que ninguém perceba, citandondo a seguinte frase, enquanto vai passando o anel de mão-em-mão:

Minha mãe mando escolher este daqui. Este não vale não, passe já pra outra mão. Mas esta eu não quero, pois tem cheiro de amarelo. Então que vou fazer? O escolhido é você!

2º Mpmento: O escolhido vai para o centro da roda e começa a passar o anel, deixando na mão de alguém, enquanto vai recitando a cantiga.

Dona Chiquinha passou por aqui, com o seu cavalinho carregado de capim.
O capim é de ouro, de ouro amarelo
O anel que te entrego tem cor de marmelo!

OBS: O último a receber a passagem da mão, vai até o centro da roda para tentar descobrir quem recebeu o anel. Quem errar ganha uma tarefa a ser feita no centro da roda. A tarefa será dada pelo receptor do anel.

CIRANDA

Ciranda, cirandinha,
Vamos todos cirandar,
Vamos dar a meia-volta,
Volta e meia vamos dar.
O anel que tu me destes
Era de vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.

Por isso Senhor Arteiro
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá-se embora.

O BARQUINHO

Mandei fazer um barquinho,
De papel, de papelão...
Pra levar o meu amor,
Bem dentro do coração.

FUI À ESPANHA

Fui à Espanha, comprar o meu chapél...
Azul e branco, da cor daquele céu.

Olha a palma, palma, palma...
Olha o pé, pé pé...
Olha a roda, roda, roda...
Carangueijo não é peixe lá no fundo da maré.

Samba menina que vem da Bahia,
Pega essa criança e banha na bacia.





ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS